quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

The Holy Night

Here comes the holy night! Can you feel the magic of this moment? Everyone wants to be the a seeds-man of the Lord's lovefields. I want to hear an angel's choir singing sacred songs, while my soul goes crazyly around like it was in a hurricane's eye. I still can hear the crying of one child. One singular child chosen to be the mankind's saviour.
Here comes the holy night, open yours hearts and let it in. Forget the bad times, forget your coat moneyless and even the devil's adress. Buy a toy to yourself and returns to be a child again.
You can, you know, everything is possible in this holy night. Give a gift to your worst enemy. Give a kiss in the face of your mother-in-law. Take care every poor children you find in your way, because you know: "Theirs are the heavens kingdom". Sing a Christmas song. Plant a Christmas tree. Don't be sad in this night. It is time to happyness and glory. No more darkness, no more loneliness. Remember - A child was born, and with her, our hope of good days ahead.
Than be free!
You can!
You need!
Happy holy night to all yours!

Poem of the Day:

The Last Christmas
This
Cam be
The last Christmas
Of our lifes. Let's go live
Each moment like it was the
Ultimate. It cam be the end of what
Never had middle. Or the simple beguin
Of one life all new. Don't think about tomorrow,
Nor about wrongs that put us out of the way in the
Past. Let us be free like we always do. Let us drink the
Wather of the origin fountain, were everything begun. Let us
Return to the mother's breast, to the father's protection and be free,
Until the pain
Of the lost ...
Disconnect...
Us forever ...
Richard 2010

domingo, 12 de dezembro de 2010

A Fé

As religiões são todas iguais nas suas essências. Todas elas pregam a purificação da alma como forma de atingir a perfeição e, consequentemente, a vida eterna no pós morte. As religiões têm a necessidade de materializar seus deuses através de estátuas e imagens, pois surpreendentemente necessitamos de matéria para alimentar o nosso espírito. Foi assim com os Egípcios, com os Gregos, os Romanos, na Idade Média, no Renascimento até nos dias de hoje, tanto no oriente como no ocidente. Amamos estátuas de gesso, adoramos imagens que nos foram imputadas e rezamos ajoelhados em catedrais de pedra. O cristianismo, o budismo, o islamismo, o candomblé, o confucionismo, o hinduísmo e mais uma centena de outras religiões tão diferentes entre si, mas no fundo todas iguais num ponto em comum: A Fé.
A fé, esta sim é o combustível que alimenta o círculo religioso. Só que mal sabem os crentes que a fé não está naquele quadro na parede, nem na estátua da Virgem Maria, nem tampouco na imagem do Budha e muito menos no Cristo na cruz. A fé depende da nossa força de vontade para se tornar real. A fé está dentro de nós. É como meu pai sempre diz, na simplicidade da sua sabedoria de estrada: " Uns têm fé de mais, outros fé de menos". ( Acho que o trocadilho não é por acaso. É intencional).


Poema do Dia:

Perdão

Peço-te perdão!
Perdão pelos meus erros.
Perdão pelos meus acertos.
Perdão pelo que não te fiz.
Perdão por não estar aqui.
Perdão por não te fazer feliz.
Perdão por não ter o teu perdão.
Perdão por não ser perfeito.
Perdão por não te amar direito.
Perdão por não ter coragem.
Perdão por não sonhar contigo,
Sem sair da minha realidade.
Perdão, perdão, perdão...
Perdão pelo sim,
Perdão pelo não.
Mas acima de tudo,
Perdão por pena de mim!

Richard 2010

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Reflexão

Quando tu envelheceres
Não chores pelos teus insucessos,
Teus pecados,
Tuas pequenas mentiras.
Nem tampouco pelo que fizeste
Ou deixaste de fazer.
- O tempo apaga tudo -
Quando tu envelheceres
Bebas a água de todas as fontes
E sejas jovem o resto dos teus dias.
- Rejuvenesça -
Nasça de novo
A cada dia.
Faça a velhice retroceder.
Retire as pilhas do relógio
E faça o tempo parar.
Teu rosto caído, no espelho.
As rugas no teu cenho.
A sensação do dever cumprido.
Teu rosto caído,
As rugas, no espelho
Tudo isso não significa nada.
É apenas a era da decadência.
Ou tu lutas para continuar vivo,
Ou já é hora de te retirar,
Assim como fazem
Os Elefantes!


Poema do dia:

Felicidade

Em algum lugar no fim do mundo,
A felicidade plantou sua semente.
Num lugar tão distante e profundo
Até mais que alcança a fértil mente.

Cave...,cave..., a vala mais funda.
Pareça e seja o mais demente.
Olhe no espelho e veja um corcunda,
Se isso, a felicidade lhe aumente.

No fim, bem no fim, tudo recomeça.
A semente que se plantou,
No futuro, vira promessa.

E o ser humano que a procurou,
Seu limite maior atravessa.
E atinge a felicidade que perseverou.

Richard 2010

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Eu Estive no Céu

Era um domingo cinzento, composto com alguma garoa persistente. Eu, como motorista, com mais quatro passageiros, subíamos a encosta de uma montanha íngreme. Passamos por asfalto, trepidamos por paralelepípedos e derrapamos por estradas de chão batido. A chuva miúda dava uma sensação de suspense à nossa subida. Eu não sabia o que iria encontrar lá. Tudo era novidade para mim. Apenas sabia que lá, bem no alto da montanha, havia uma comunidade que vivia em função de sua crença. Como tantas outras que existem por aí, dedicadas à sua fé e aos seus dogmas. As dificuldades do caminho foram plenamente justificadas ao chegarmos no topo. Realmente era um lugar escolhido a dedo. Cercado de natureza e bem pertinho do céu. Havia um templo central, que se destacava pela sua beleza plástica, repleto de pinturas onde predominavam o vermelho e o dourado. Ao redor, haviam construções menores que complementavam o complexo. O templo principal era realmente lindo por dentro. Com paredes pintadas com motivos ilustrados, contando histórias sobre a origem da sua religião, do seu fundador, das fases por que passou até se tornar divindade. Haviam também, várias figuras esculpidas representando seus deuses ou entidades divinas. Ao fundo, via-se uma enorme biblioteca contendo mais de uma centena de papiros enrolados em tecidos, contendo todas as diretrizes a serem seguidas por seus fiéis. Uma verdadeira relíquia, equivalente à Bíblia Sagrada.
Lá fora, no pátio, uma vista esplendorosa do horizonte. Ali do alto, como se estivéssemos no topo do mundo, acima de todos os males, flutuando por cima de todos os problemas. Um visual que nos convidava a meditar, em companhia da paz.
De volta para casa, relembrando todo aquele passeio junto à natureza, toda aquela tranquilidade reabilitadora, a sensação de paz no espírito, eu tive a certeza: Eu estive no céu e não sabia!


Poema do Dia:

Os Chás

Os chás revelam teus segredos,
Em cheiros formas e gostos.
Não há fantasmas, não há medos.
Refletidos, no espelho, só nossos rostos.

O tempo se afastou de nós sem receio.
No meio da vida, tudo pára em volta...
Nem o futuro, que jamais creio,
Minha frágil fé trará de volta.

De resto resta uma réstia de desejo.
Os chás nos entorpecem, criam visões.
E eu acredito nas miragens que vejo.
O fururo e a morte têm suas razões.

Nas nuvens nebulosas dos chás
Deito meu corpo cansado.
Entrego minha mente, espero que te vás.
Sou só: "Eu e meu reinado".

E não me venhas contar tuas mentiras.
Meus ouvidos saturam do que tu achas.
A única verdade está escrita em tiras
Nas tumbas, nas cruzes e nos chás...

Richard 2010

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Sexoterapia

Benvindos à terapia do sexo. Aqui não há dor, não há tensão, só há satisfação.
O sexo acalma, alivia e rejuvenesce. É um elixir que nos mantém vivos através dos tempos.
Cada vez que satisfazemos nosso desejo, erguemos um tijolo a mais no muro de nossa vida.
Sexo é bom, é necessário, diria que é... vital.
Sexo é mais do que a procriação da espécie.
Sexo é uma "droga" benigna, que nos dá a emoção necessária para levarmos a vida com alegria.
Seja adepto dessa terapia. Tire do armário todos os desejos recolhidos. Abaixo os tabús!
Celibatárias, somente as minhocas, que são hermafroditas. Nós nascemos para nos relacionar.
Então seja adepto da sexoterapia. Nessa sessão você é seu próprio analista.
O Ministério da Saúde adverte:
"Sexo faz bem para a saúde"
Então vamos sexuar!


Poema do Dia:

Escravos do Sexo

De um copo de licor que eu bebo demorado,
Vou tirando todo sabor, neste frasco concentrado.
Minha língua sedenta, a percorrer cada valo,
Buscando o prazer, da base até o gargalo.

E nessa procura maluca, do líquido precioso,
A saliva escorre, sentindo a hora do gozo.
A carne é quente e requenta a paixão;
Como criança eu abuso, me lambuzando de tesão.

E nesse transe absoluto, alma com alma incorporados,
O sexo corre solto, pelos nossos corpos dourados.
Não há limites para nosso prazer buscar satisfação.
Não há porque evitar nossos corpos em convulsão.

Queremos respirar o sexo antes que a vida seja tardia,
Tornando nosso leite o ópio que sustenta o dia a dia.
Não adianta camuflar uma vida fútil e corroída,
Somos escravos do sexo, e não há outra saída.

Richard 2010

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Esvaziando as Gavetas

As gavetas de nossas casas estão sempre cheias de coisas. A maioria do conteúdo é jogado lá e, invariavelmente, esquecido. É claro que cada um de nós tem a sua gaveta preferida. E é para lá que destinamos nossos objetos mais queridos, mais valorizados e também os mais inúteis. Há quem diga que a gaveta é um estágio intermediário que um objeto ocupa entre o seu uso e a lata de lixo. Eventualmente temos que limpar nossas gavetas, pelo menos para tirar a poeira acumulada durante o ano, ou mesmo, alguma traça que esteja querendo digerir nossos "importantes" papéis. Outro dia me prestei para limpar minha gaveta e tentar diminuir o volume de bujigangas contidos nela. Segue abaixo, uma relação sucinta de alguns objetos lá encontrados:
- Uma máquina fotográfica antiga, com filme de 35mm (acho que nem existe mais recarga para máquinas desse tipo).
- Dois relógios estragados, que já tinham ido três vezes ao conserto.
- Quatro medalhas que eu ganhei em jogos escolares quando frequentava o curso primário. (Obs: nenhuma delas de primeiro lugar)
- Uma revista "Playboy" de mil novecentos e antigamente. (Para eventuais necessidades)
- Várias fotografias que não couberam nos álbuns de fotos.
- Dois radinhos de pilha. Um para ouvir no banheiro, o outro para usar com fones de ouvido.
- Etc...
Fazendo uma análise profunda, achei que metade daquele entulho poderia ir para a lixeira. Mas o fator emocional falou mais alto, e eu não consegui me livrar de nada. Acho que nossas gavetas são como arquivos das nossas vidas. Elas guardam memórias palpáveis da nossa existência.
Mas eu prometo que no ano que vem, vou esvaziar minhas gavetas, e só deixar o que realmente for importante!


Poema do Dia:

Amor Impossível

É noite!
Teus olhos são dois fachos de luz
A me guiar na escuridão.
Não tenho apoio ou quem me dê a mão.
Só te sinto neste olhar que me seduz.

Minha vida tem sido torrentes
Desaguando num poço sem fim.
E anos passei, carregando correntes
Acorrentando demônios guardados em mim.

Já morri tantas vezes sem saber
O valor que se dá a uma existência.
E só renascia nos momentos de prazer
Quando sentia a vida com maior consciência.

Agora eu caminho, aos tropeços, para teus braços
Numa noite escura e vazia.
Mas sinto que a luz me escapa pelos espaços
E foges de mim feito alma vadia.

Vás, siga teu caminho errante.
Não preciso de quem não me tem amor,
Pois trago comigo um sol irradiante
Que me dá energia, vida e cor.

Richard 2010

domingo, 31 de outubro de 2010

Os Cemitérios Dentro de Nós

"Os leitores do meu Blog que me desculpem, mas o tema do meu texto é pesado e indigesto. Contudo não posso me furtar de falar sobre a morte justamente às vésperas de Finados. Portanto tirem as criancinhas e os mais sensíveis da frente do computador, pois o manto sombrio da derradeira jornada cairá sobre todos."





O espírito de Edgar Allan Poe, o escritor maldito de estórias extraordinárias, está baixando em mim. Apesar de eu não gostar muito dele. Já que eu não gosto de ficção, e muito menos de ficção sobrenatural. Além do mais ele próprio se confessava um viciado em ópio. Portanto seus textos, apesar de terem uma excelente fluência e um vocabulário admirável, pecam pelo exagero das estórias. Mas ele é um escritor consagrado e muito lembrado mesmo depois de morto, e sendo assim, merece todo nosso respeito.

Os cemitérios me causam espanto. Não pelas almas que supostamente lá habitam, mas sim pela maneira com que são cultuados e materializados. Não aceito transferir para um monumento de pedra e um amontoado de pó e ossos sentimentos que deveriam estar presentes dentro de nós para sempre. A lembrança de pessoas queridas que se foram está incorporada em nossa mente pelos anos de convívio, e deve se manter viva e duradoura valendo mais do que um santuário feito de tijolos e cimento.
Os cemitérios são uma cultura da nossa sociedade. Sendo assim, existe toda uma concepção desenvolvida através de anos que não pode ser mudada de uma hora para outra. Então é preciso respeitar esta instituição. Nas proximidades desta data, todas as famílias se lembram que tem aquele compromisso nos cemitérios. Então começam a arrumar o que estragou durante o ano. Se não houvesse o feriado de Finados, talvez a maioria das pessoas esquesessem de vez os seus mortos. Acho que os cemitérios são entidades em processo de extinção. Tanto pelo espaço que ocupam, como pela questão da higiene, e principalmente pela problemática do saneamento ambiental.
Na última vez que estive num cemitério por esses dias, já que atuo também na profissão de Chaveiro, fui chamado para abrir uma porta de uma casinha mortuária que ficava bem no alto da elevada. O cemitério se localizava na encosta de uma montanha e os túmulos se distribuiam em diversos patamares como degraus de escada subindo ao céu. Lá do alto onde eu estava, podia visualizar, ao longe, um vale verdejante que seguia seu caminho tortuoso até desaparecer nos confins do firmamento. Fiquei ali um momento, pensando. Era realmente um belo lugar para última morada. Olhei para todos aqueles túmulos distribuidos morro abaixo. De todos os tipos, de todos os tamanhos, uns mais ricos, outros mais pobres, muitos abandonados, com as cruzes já tortas, vergadas pelo tempo. Abandonados, como abandonados foram seus donos. Esquecidos por seus parente, em meio a loucura e o "stress" do dia a dia. Era comovente ver um tumulozinho de um recém nascido num espaço mínimo, demarcado no chão com tijolos fincados e uma cruz de madeira muito singela. Um triste destino de um ser que mal veio ao mundo e já partiu deixando em seus pais e parentes as marcas de sua passagem fugaz, que com certeza, jamais serão esquecidas. Quem sabe essa tenha sido sua missão na Terra?
A face da morte é chocante. Já me deparei com ela algumas vezes. Certa vez fui chamado para abrir uma casa num bairro da cidade. Havia suspeita do sumiço de um rapaz que chamarei de "A", que por sinal foi meu colega de ensino fundamental. Naquela noite o cunhado de "A" veio acompanhado de dois brigadianos, contou-me sobre o sumiço que já durava uma semana e pediu que fossemos até a casa dele para arrombá-la. A família nunca dava muito importância aos sumiços de "A", já que ele era viciado em cocaína e era comum ele cometer certas loucuras. Chegando lá, notamos as luzes acesas dentro da casa, mas esta estava trancada por dentro. Achei melhor abrir a porta dos fundos, que dava na cozinha, pois esta só tinha uma tranca. Ao abrí-la, foram confirmadas nossas suspeitas, "A" estava caído defronte à porta, com o corpo de barriga para cima. Um cheiro fétido no ar dava a certeza de que ele havia morrido já a uns três ou quatro dias atrás. O rosto pálido com manchas de hematomas e feridas já em estado de putrefação. Nas paredes da cozinha podiam-se ver manchas de sangue espalhadas por todos os lados, mostrando a luta de "A" para tentar alcançar a porta de saída na vã tentativa de buscar ajuda. Já dentro da casa, pudemos visualizar todo drama ocorrido com "A". Ele esta no mezanino onde ficava o quarto de dormir. Tudo estava revirado. O sangue começava na escada, de onde provavelmente "A" tenha desabado, e onde certamente tenha se ferido gravemente, seguindo para a cozinha, cambaleante, já perdendo muito sangue e vindo a morrer defronte a porta da cozinha, sem conseguir abrí-la. No seu quarto, vários papelotes de cocaína consumidos...
E assim é a vida. Uns morrem, outros nascem . Uns vivem , outros sobrevivem. Uns vão aos cemitérios, e outros trazem os cemitérios dentro de si.


Poema do Dia:

Quando Ela Chega

Minhas células rebeldes se embriagam
No tênue azul álcool do Abscinto.
Enquanto na noite escura, olhos vagam,
No aguardo, paciente, do juízo ficar extinto.

A escassa luz que me iluminava, já se apagou.
Outrora fora como um sol em minha vida.
A esperança de dias melhores naufragou,
Na anorexia diante de um prato de comida.

Em minha mente, um pensamento rotundo.
Pontos de luz de admirável persistência
Mergulhados numa superfície negra, ao fundo
Surgem e desaparecem, sem ter consistência.

E eu afundo nesta atmosfera
Como um zumbi mal enterrado,
Curtindo as idéias que a loucura gera.
Buscando razões por haver sido gerado.

A resposta vem num arroto flatulento,
Que sai do estômago acidificado,
E passa queimando pelo esôfago, em ritmo lento
Até sair pela boca, deixando um hálito modificado.

Inevitavelmente, ela vem chegando.
Eu sinto no eriçar dos pêlos da minha pele,
Um calafrio gélido que vai se propagando
No momento final, até que meu destino sele.

Eu quero a morte ao meu lado.
E que ela venha de forma lenta e indolor
Como a paz com o amor, de rosto colado,
Num feliz desfecho, num dia incolor.


Richard 2010

sábado, 23 de outubro de 2010

As Pessoas

Os humanos se diferenciam dos outros animais por serem racionais. Enquanto aqueles agem por instinto, o ser humano age com a razão comandando os sentidos. Este é o nosso legado de milhares de anos de evolução. Graças à razão, podemos dizer que somos os senhores do destino do planeta Terra. Em nosso mundo são raros os segredos desconhecidos da inteligência humana.
Evoluímos tanto e tão igualmente, que as pessoas estão cada vez mais parecidas entre si. Diferentemente dos nossos ancestrais, nós não precisamos mais caçar para nos alimentar e nos vestir. Não precisamos morar em cavernas. Não precisamos mais nos adaptar ao meio ambiente que nos cerca. Hoje temos tudo ao alcance das mãos. O homem criou seu nicho protegido dentro do mundo, e isto tornou sua vida mais fácil, consequentemente travando sua evolução.
Todo esse processo pacífico da existência humana está gerando uma uniformidade tanto na aparência como na atitude. As pessoas estão tão parecidas entre si que acabam ficando previsíveis. Os mesmos sorrisos, os mesmos cumprimentos, as mesmas atitudes. Não há mais inovações, não há mais criações, não há mais surpresas. É tudo muito igual, maçante, entediante. As mesmas caras, as mesmas bocas aqui ou na "Conchinchina". Estou até com medo de encantrar um sósia meu em algum canto do mundo. Seria muito engraçado o nosso diálogo:
- Puxa cara! Como é que a gente pode ser tão parecido?
- Pois é né! Nem tudo é perfeito no mundo...
Onde vai parar nosso mundo de seres racionais? Será que nos tornaremos idênticos a robôs numa linha de montagem? Todos iguais em idéias de vida, em pensamentos, em semelhança e até em objetivos?
Não! Penso que não!
Temos dentro de nós algo maior do que a razão. Algo que nos diferencia, mesmo que sejamos iguais na aparência. É o nosso desejo de saber, conhecer coisas novas. É aquilo que toda criança tem desde que nasce: A curiosidade. E é a curiosidade que vai fazer com que o homem saia do seu nicho confortável e busque novas aventuras, novos mundos, novas situações que exijam adaptação para que, felizmente, nós continuemos a evoluir.



Poema do Dia:


As Relações


As pessoas se repetem
Em atos, palavras e até feições.
Mesmo eu me repito,
Quando paro
E dou um grito!
Grito à toa
Meu grito não ecoa
Apenas mudo ele soa
E passa imperceptível
Por entre as lacunas
Da multidão...


Eu vejo as pessoas,
Mas elas não me vêem!
(ou fingem não me ver)
Serão elas escravas do tempo
Ou serão apenas os meus olhos?


Contorno os corpos
Replicantes, andróides
Quisera saber seus destinos
Com paixões fugazes
De alta voltagem e
Choque de asteróides.


E estes se dizem evoluídos
Animais inteligentes e racionais
Donos e senhores do mundo
Mas infelizes diante de seus destinos
De se repetirem mecanicamente
Desde o berço até os funerais.


Quisera também ser um deles,
E não pensar no meu futuro
Não pensar em nada além
Do que minha mente
Saiba que eu aturo.


Ah! Relações humanas...
Frias relações humanas...
Por mais humano
Por mais inteligente
Por mais elevado
O divino pensamento
Jamais alcançará
O exato momento
Da clarividência simbiótica
Da união entre
O criador e
A criatura.


Richard 2010

domingo, 17 de outubro de 2010

Eu, Meus Pais e Richard Burton

Meu nome é Richard! Muitos pais adotam o nome de celebridades para seus filhos. Não sei até que ponto um fã sofre a influência do seu ídolo. Mas acredito que adotar o nome de uma pessoa adimirada em um filho é mais do que uma casualidade passageira. É uma necessidade de perpetuar na sua descendência a lembrança de alguém que marcou profundamente uma passagem de sua vida.
Richard é um nome estrangeiro dentro do Brasil. Seguidamente tenho que soletrá-lo, pois as pessoas não o entendem. Quando me perguntam porque eu tenho este nome, sempre lhes digo: "-Isso foi influência do cinema". De fato, minha mãe disse certa vez, que me colocou este nome por causa de um ator Britânico chamado Richard Burton.
Richard Burton foi um ator que fez muito sucesso nos anos 60 e 70. Durante sua carreira foi indicado 7 vezes ao Oscar de melhor ator, porém não ganhou nenhuma vez. Teve um relacionamento conturbado com a sua grande paixão, Elisabeth Taylor, também atriz, com quem se casou duas vezes.
Estou certo de que Richard Burton teve uma influência significativa na minha existência nesse mundo. Eu nasci em março de 1964. Portanto, levando-se em conta uma gravidez de 9 meses, significa dizer que eu fui concebido mais ou menos em junho de 1963. Pesquisando a filmografia de Richard Burton cheguei ao ano de 1963. E estava lá o filme que inspirou minha mãe. O nome do filme era "Cleópatra", com Richard Burton no papel de Marco Antônio, e ninguém menos do que Elizabeth Taylor no papel de Cleópatra. Tratava-se de uma das produções mais caras de Hollywood em todos os tempos, e que deve ter provocado grande impacto na época.
Fiquei imaginando a cena: Numa noite fria de junho de 63, minha mãe se sentindo uma Cleópatra, vendo em meu pai um Marco Antônio na imagem cativante de Richard Burton.
E assim eu fui concebido. Meu pai que me desculpe, mas Richard Burton teve uma parcela de contribuição na minha existência. Ele foi o elemento catalizador daquele momento.
Tudo isso me leva a concluir que eu tenho um pai biológico, de quem herdei os genes, e um pai ideólógico de quem herdei o nome. Para finalizar, quero agradecer eternamente, aos meus dois pais por terem contribuido para que eu pudesse ter o privilégio de haver nascido!


Poesia Do Dia:


A Tatuagem

Mandei tatuar seu nome em minha pele,
Quando ela me jurou eterno amor.
Mas seu amor por mim um dia acabou,
E eu dancei...

Ah! Amor... Volátil, amor...

O que eu faço agora?

Deixa prá lá.
É só encontrar um novo amor,
Que tenha o mesmo nome dela.

Richard 2010



sábado, 9 de outubro de 2010

Reflexões Espelhíferas

Narciso montou em sua casa um compartimento secreto todo forrado com espelhos. Até mesmo o acesso era escondido. No seu quarto normal de dormir havia uma parede falsa deslizante, que dava entrada ao dito cômodo. Uma vez no interior deste, somente ele sabia o meio de sair, pois quando fechado por dentro as paredes se acoplavam tão perfeitamente, que não se sabia onde terminava um espelho e nem onde começava o outro. Dentro deste, tudo era espelhado. O chão, o teto e as paredes. Havia uma pequena entrada de ventilação no canto superior da parede, e uma mini lâmpada no teto que dava claridade esfusiante ao ambiente devido a multiplicação de sua luz através dos espelhos. Os móveis se resumiam numa cama de casal, cuja armação era toda espelhada e as roupas de cama eram todas na cor prata. E, curiosamente, um espelho com moldura esculturada em madeira imitando ramagens de flores também pintada em prata. De forma que, na sala, somente destoavam a roupa de cama e a moldura, de resto tudo mais eram espelhos.
Era ali, naquele santuário multifacetado, que Narciso se escondia do mundo. Era seu lugar predileto. Neste lugar Narciso meditava, nú como veio ao mundo. Aquele era um lugar puro, isento da sujeira cotidiana, portanto ele, ou que entrasse ali, só se estivesse nú. Eventualmente,
Narciso e sua mulher faziam amor no quarto dos espelhos. Tinham a sensação de participarem de uma orgia, com milhões de corpos nús a sua volta, milhões de beijos, milhares de penetrações e múltiplos orgasmos disseminados através das lâminas frias dos vidros espelhados. No final se davam conta que eram somente os dois, na cumplicidade estreita do matrimônio. E assim eram felizes.
Narciso considerava aquele ambiente sagrado, pois ali se via como realmente era. Sem subterfúgios. Considerava que seus pensamentos se multiplicavam com as imagens. Acreditava que chegaria o dia em que conseguiria atingir o nível supremo da perfeição, e aí, nesse momento, falaria com sua própria alma.
Os anos se passaram. A mulher de Narciso veio a falecer. E, com isso, Narciso se isolou ainda mais do mundo. Passou a morar praticamente dentro do quarto dos espelhos, de onde só saía para se alimentar. Nada mais importava no mundo lá fora. Agora era só ele e seus pensamentos. Narciso e seu ego, na busca incessante da perfeição.
E o tempo foi passando e deixando suas marcas. Um dia durante suas meditações, Narciso sentiu uma forte dor no peito. Levantou-se da cama e, cambaleante, tentou abrir o compartimento do quarto dos espelhos na tentativa de buscar ajuda. Não houve tempo. Narciso tivera um ataque fulminante do coração. Seu corpo, já sem vida, ali estirado no chão espelhado do quarto. Sua imagem nú e esquelética, se multiplicando aos milhões. E com elas, finalmente, se desprendia a sua tão almejada alma. Justamente no momento mais desejado por Narciso. No momento em que ele poderia, enfim, conversar com sua alma. Ele já não estava presente.
Jazia Narciso em seu caixão forrado de espelhos. Em seu rosto ainda podia se notar um leve sorriso de satisfação que, fantasticamente, se multiplicava aos milhões.


Poema do Dia:

O Quarto Dos Espelhos

No quarto dos espelhos
Teu corpo se multiplica
Como um dízima periódica sem fim

Na frente, atrás
À esquerda, à direita
As imagens se multiplicam
Em loucas posições

Teus braços,
Tuas pernas,
Teus grandes glúteos,
Teus lábios absurdamente carnudos,
Teu corpo, enfim,
Milhões de corpos,
Bilhões de corpos,
Trilhões de corpos...
Tantos quanto as estrelas do céu...

E nenhum deles
Definitivamente, nenhum deles...
...É meu...

Richard 2010

sábado, 2 de outubro de 2010

Giramundo

Nos primórdios da computação a linguagem de máquina ensinada aos estudantes da faculdade chamava-se "Fortran". O algorítmo, era uma sequência lógica de comandos que visavam solucionar um problema colocado pelo professor. Dentro do algorítmo, haviam as rotinas e subrotinas, que nada mais eram do que repetições de comandos estabelecidos em determinados locais do programa. Ou seja, quando a sequência lógica encontrava uma rotina ou subrotina o programa executava várias vezes o mesmo passo, para depois voltar à sequencia do programa principal.
Estou fazendo essa pequena introdução, para chegar a seguinte conclusão: - A nossa vida é como um programa de computador, repleto de rotinas e subrotinas, que verdadeiramente, não levam a lugar nenhum.
Se eu partir de um determinado ponto "X" do planeta, e seguir sempre em linha reta, atravessando mares, vales, montanhas e tudo o que vier pela frente, algum dia chegarei novamente ao ponto "X". Este é um exemplo clássico de rotina. Você vai, conhece outros lugares, aprende coisas diferentes, mas no fim acaba sempre no mesmo lugar.
As subrotinas, são aquelas pequenas repetições derivadas da rotina, que fazemos diariamente tais como: lavar a louça, arrumar a cama, tomar café, almoçar, etc.. Na realidade nosso calandário é uma rotina. O mês começa no dia primeiro e após 30 dias volta ao primeiro. O ano começa em janeiro e após 12 meses volta ao janeiro. A Terra também cumpre a sua rotina: A cada 365 dias dá uma volta ao redor do Sol, e volta ao ponto de partida. Mas quanto ao Universo, esse não tem rotina, certo? Errado! Há fortes indícios que a expansão do Universo está ocorrendo de forma curva, o que implica dizer que algum dia, num futuro longinquo, esses astros todos vão se encontrar, no outro lado, gerando um cataclisma. Seria a volta ao ponto de partida do Universo.
Então podemos afirmar que nós somos repetitivos ou o Universo a nossa volta nos faz ser repetitivos. A máxima de Lavoisier também é uma rotina: "Na natureza nada se perde, nada se cria, tudo se transforma". Pertencemos a um grande ciclo de repetições, reaproveitamentos e renascimentos. Afinal a nossa vida no Universo que nos cerca é uma grande rotina.


Poema do Dia:

O Andar

Ando...
E se não andasse
Não sairia do lugar.
Nem a alavanca
Moveria o mundo,
Nem Newton desvendaria
Da inércia, a teoria.

Ando...
E só sei que ando vazio,
Num vazio que me
Enche de aflição.
Erupções cutâneas em suor.
Respiração com falta de ar.
Nas diversas formas de andar.

No meretrício
O andar de atração
Um andar
Sensual
E erótico
Cheirando
A aromas afrodisíacos,
Emanados
De um buraco,
Digo, de dois buracos
Igual a um prato de
Cuscuz.

Na vida
O andar errante,
Um andar
Violento e
Violado.
Um estupro
Em cada esquina.
Imagens estampadas
Na retina,
que deixam
Os olhos cheios
De pus.

No velório
O andar de caixão.
Um andar
Cabisbaixo
E Taciturno
Procurando
Um buraco na terra
Prá enfiar
O cabeção.
Imitando
Um idiota
Avestruz.

Andar
Andarejo...
Ao som do realejo,
Onde tudo vira poesia
Até teu beijo...

Andar
Andarengo...
É melhor trepar
Numa égua no cio,
Do que montar num
Cavalo rengo...

Andar
Andares...
Em movimentos circulares.

No meretrício...
Na vida...
No velório...

Em movimentos circulares

É tanto chão,
É tanto pão,
Que se come esmigalhado
Que sustentam esses corpos,
- Os seus corpos!
Que, no entanto,
A despeito de andares
E mesmo que gritares,
Ruidos não serão ouvidos.
Som do realejo
Em movimentos circulares.
A despeito de andares
Ficarão prisioneiros
Eternos...
Circunscritos
A seus lugares...

Richard 2010

domingo, 26 de setembro de 2010

Mãe Terra, Filha Lua

No princípio, a Terra não tinha Lua. Após o "Big Bang" (Grande explosão ), o Universo todo estava em caos. A Terra, assim como todo sistema solar, estava em formação. Em algum momento de sua história primitiva, um corpo celeste com as proporções comparáveis às de Marte, chocou-se contra a Terra. Desse choque resultou uma núvem de partículas, que por forças gravitacionais acabaram se aglomerando e formando o nosso satélite: a Lua.
Sem atmosfera, a superfície lunar fica diretamente exposta ao Sol durante duas semanas seguidas até alcançar 117 °C. Depois, por um tempo equivalente, essa mesma superfície fica na sombra, atingindo a -160 °C. A Lua também fica sem proteção contra os choques constantes com meteoritos, o que explica as inúmeras crateras em seu solo.
Assim como a mãe Terra, a filha Lua realiza movimentos de rotação e translação. O tempo em que o satélite leva para dar uma volta em torno de si é igual ao necessário para completar um giro ao redor da Terra. Como resultado desse sincronismo, a Lua sempre exibe um mesmo hemisfério em direção ao nosso planeta. É a face visível do satélite.
Esta é uma prova cabal da familiaridade existente entre a Terra e a Lua. As duas convivem em perfeita harmonia.
Mas nem tudo é tão tranquilo no Universo. A Terra é constantemente bombardeada por corpos celestes que vagam pelo espaço. Felismente a grande maioria deles é pulverizada ao entrar na nossa atmosfera. Contudo nunca estaremos livres de encontrar algum dia, um astro gigantesco como aquele que originou a nossa Lua. Quem sabe formando mais um satélite. Então teríamos a Terra com duas Luas, mesmo que isso custasse o extermínio de toda a vida na Terra. Ou, quem sabe, um astro um pouco menor, mas não menos danoso, como aquele que exterminou os dinossauros. Pelo visto, os choques entre corpos celestes, não são tão incomuns assim.
Infelismente, estamos sujeitos a que isso ocorra novamente, em algum momento da nossa existência. É um evento possível mesmo que improvável.
Todavia, não nos preocupemos com isso agora, o que importa é que estamos aqui na Terra e temos a Lua como nosso Anjo da Guarda.
Terra e Lua, mãe e filha sempre juntas em harmonia. Qual a mãe que não gostaria de estar no lugar da Terra só para ter o seu rebento sempre ao alcance de seus olhos?


Poema do Dia:

La Luna

Quando nasci
Tu já estavas lá.
Dependurada,
No céu plangente do firmamento.
Silenciosa
Retrato perfeito
Do não-ser...
Quando te falo
Não respondes.
És muda!
Mesmo assim
Te amo!
Luna!

És um corpo
Extraterreno
Que me basta!
Um pedaço de rocha flutuante
Que inspira beleza.
És o desejo primitivo
Sob forma celeste
E eu te amo!
Quando roubas o brilho do Sol
Torna-tes ainda mais bela
Luna!
Te amo!

Tu não tens fogo
Tu não tens lava
Mesmo assim
Arde em mim
O desejo de te ter.
Uma chama que
Me queima a alma,
Consome minhas entranhas
E me torna vazio.
E aflito busco
No vácuo do espaço
Te achar.
De noite, de dia
A qualquer hora.
Apenas uma visão
Uma nuance que seja,
Da tua forma
Que me dê
Novo ânimo
Para continuar a viver.
Te amo!
Luna!

Eu quero beijar
A tua face oculta.
Vagar pelo teu solo.
Sentir o calor que me queima,
O frio que me gela.
Saber tudo de ti.
O teu feio
O teu bonito
O que te dói
Na solidão
Do espaço sideral.
Quero destruir teus inimigos
Para que estejas sempre ali,
No teu lugar.
Quero te adimirar
Luna!
Tua beleza hipnotiza!

Tenho ciúmes
Dos amantes
Que trocam juras de amor
Entorpecidos com a tua visão.
E querem te ter
E querem te amar
E querem fazer amor
Diante de ti.
E querem gozar
Todos os orgasmos
Banhados na tua luz...
Tenho ciúmes
És minha,
Luna!
Só minha!
Sou possuído por ti.

És o tudo
Onde o nada impera.
És o amor
Na forma de uma Deusa.
És paixão
Que transborda caudalosa
E se derrama
Na vastidão do Universo.
E te vejo assim
No espaço
E no tempo
E és corpo desejado
Elemento cobiçado
E amo
As reentrâncias
Da tua superfície
E a imaterialidade
Do teu não-ser...
Te amo!
Luna!

Sob tua luminosidade
Padeço no calma da noite.
E desejo incorporar
Minha alma
À tua poeira.
Nem que seja uma molécula
Um átomo, um elétron
Enfim,
Penetrar na tua superfície
E ali ficar
Eternamente...
Realizar meu sonho infantil.
Te possuir
Fazer parte de ti.
E quando os lunáticos
Olharem para ti
É a mim que verão.
E me terão inveja
E sonharão comigo
E desejarão me alcançar
Igualar meu feito.
Mas jamais saberão
Nosso segredo
Nosso mais dileto segredo
Nosso pacto secreto
Luna!
Meu amor!

Richard 2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Amar! Sempre

O amor é incondicional, não admite intrusões, não suporta condições. É um Deus onipresente, que extende seus tentáculos em todas as direções. O amor aprisiona, aficciona, perversiona. O amor hipnotiza, direciona, escraviza. O amor constrói, mas também se destrói por amor.
O amor cega a razão, e aí, não há mais lei, não há mais perdão. Só há a justiça , da própria mão.
O amor desperta o ódio, o ciúme, a obscessão, a possessão. Quem ama pode até matar. Sim, porque não? Afinal um Deus pode tudo. Mesmo que seja na sua justiça particular.
O amor é um ser vivo, é uma planta, que deve ser regada e alimentada diariamente, para que sua chama permaneça acesa dentro dos corações das pessoas.
Mesmo assim, apesar de todas essas nuances, num mundo feito só de amor seria muito chato se viver.


Poema do Dia:

E Se...

Te olho no reflexo do espelho.
Como se não tivesse coragem
De te olhar de frente.
E não tenho...

Cheiro teu odor, afoito,
Logo que passas sem me ver.
Como se não soubesse o teu perfume.
E não sei...

Aguço meus ouvidos para te ouvir,
Atiçando com teus encantos um bando de chacais,
Como se eu não quisesse te falar.
E não falo...

E se eu embebesse
Minhas roupas em gasolina.
E ateasse fogo em mim mesmo,
Só para te chamar a atenção?

E se eu cortasse
Os meus pulsos diante de ti,
E esfregasse em teu corpo meu sangue,
Só para te chamar a atenção?

E se eu me jogasse
Na frente do teu carro,
E estrebuchasse depois, como um cão na sarjeta,
Só para te chamar a atenção?

E se eu morresse
Diante de ti...

E se eu morresse
Todas as mortes
Diante de ti...

E se eu te olhasse
E se eu te cheirasse
E se eu te falasse
E se eu morresse
Todas as mortes
Diante de ti...

Nem assim me notarias
Nem assim me amarias
Nem assim tu beberias
O meu sangue derramado.

E eu teria morrido...
A mais completa morte...
Em vão...

Richard 2010

sábado, 11 de setembro de 2010

Quando Eu Era Pequeninho

Quando eu era pequeninho, minha mãe me dava pão e café no prato. Que nada mais era do que um prato fundo contendo café, leite e açúcar, com pedaços de pão francês mergulhados. E, quando eu ficava doente, de cama, adorava comer bolachas "Maria" com leite morno. Para diminuir a febre, a terrível "Novalgina" em gotas, que me provocava ânsias de vômito. Naquela época os remédios eram escassos. O que existiam eram fortificantes, usados mais na base da prevenção. Como, por exemplo: o "Biotônico Fontoura", a "Emulsão Scott"(óleo de fígado de bacalhau) e o famigerado "Bálsamo Alemão", panacéia para todos os males, mas que era amargo como féu e me fazia arrotar o dia inteiro.
Como me esquecer das cabanas feitas de lençóis amarrados pelo quarto, onde brincávamos eu e meus irmãos, fingindo sermos adultos responsáveis. E minha brincadeira solitária com o "Forte Apache", cercado pelos índios malvados, que no final eram sempre massacrados pelos meus soldados imbatíveis. Ou, então, a bolinha de borracha que eu jogava no telhado e esperava voltar, para então fazer uma defesa espetacular numa goleira imaginária. Havia, também, o carrinho de lomba, feito de madeira, que descia o morro de grama cheio de obstáculos colocados para serem ultrapassados. E chegar no final, em alta velocidade, fazendo uma curva fechada e parando numa gostosa capotagem. Bons tempos aqueles, tempos de alegria ingênua e inocente.
Ainda hoje, quando ouço os sons das cigarras cantando, lembro daquelas tardes ensolaradas. Do cheiro da mata verde, do pessegueiro, das ameixeiras cujos galhos escalava na busca de frutos que eram saboreados ali mesmo, no alto. Livre! Com o sol bronzeando meu rosto e a brisa me trazendo todos os odores exalados ao redor. E depois, quando estivesse bem cansado, era só cair no embalo reconfortante da rede, à sombra das árvores de pêra e caquí.
Lembro, ainda, das noite quentes de verão, onde nos tornávamos caçadores de vaga-lumes, só para vermos de perto o seu brilho mágico dentro de nossas mãos fechadas em concha. Brincar de "esconde-esconde" sob a luz da lua cheia, alheios às sombras fantasmagóricas dos galhos das árvores projetadas no chão.
Tudo isso ficou para trás, envolvido numa névoa que foi se desfazendo com o tempo, até virar em lembranças guardadas em algum lugar da minha mente. Sou feliz por ser humano e ter o privilégio de poder me lembrar de tudo isso. De poder sorrir, de poder chorar com os acontecimentos marcantes do passado.
Feliz daquele que pode se lembrar, feliz daquele que tem lembranças, pois estas são eternas.

Poema do Dia:

Lembranças

O vento me traz lembranças
De há muito tempo perdidas
Na solidão do espaço; heranças,
Cristalizadas e na mente escondidas...

Sei que pouco vivi neste mundo
E que muito mais há por vir
Mas agora, vou sonhando profundo
Esperando o momento de partir...

Sonhos, fantasias, lembranças da infância,
Meu Deus, o que há em mim amargurado
Que tamanho penar causa implicância
Vem e fica, na alma incorporado?

Que venha o vendaval, então
Que varra desse corpo, o mal
Que me troque, a vida, pelo perdão
Que ma dê a morte como saída final.

Richard 2010

sábado, 4 de setembro de 2010

Um Dia de Fúria

Quem já não teve um dia de fúria em sua vida? Aquele dia em que a paciência se esgota e a vontade que se tem é de explodir o mundo. Parece que libertamos o homem das cavernas que temos dentro de nós: Impaciente, incoerente, incompreensível das coisas do mundo. Um mundo burocrático (ou seria "burrocrático"?), cheio de regras, todas iguais e tão desiguais quanto patéticas. Regras essas, que de um modo geral não são respeitadas, causando um descontrole nas instituições. Somos vaquinhas de presépio dizendo "amém" a tudo. Benditos os reacionários, que são os verdadeiros responsáveis pelo progresso do mundo. Karl Marx disse certa vez: " O conflito é que move a sociedade". Uma das verdades mais verdadeiras do universo. E entre mortos e feridos tudo se ajeita no final, pois até mesmo no caos existe alguma ordem. Tudo é uma questão de Física: A toda ação corresponde uma reação contrária na mesma intensidade. O que quer dizer que se não houver ação tudo vai ficar como está, ou seja na inércia.
Eu confio na capacidade de reação dos homens, em aplicar as novas tecnologias a serviço do crescimento da humanidade. Para isso é preciso reagir, indignar-se, atacar o que está errado, enfim, ser um reacionário. Do contrário seremos apenas ovelhinhas, caladas e resignadas diante do matadouro.

Poema do Dia:

O Infinito

Ao longe vejo um farol,
Nas gigantescas montanhas
Sendo engolido, aos poucos,
Pela mata e suas entranhas.

No céu, azul em curva,
Flutua, ao vento vespertino,
Uma delicada gaivota.
Indiferente ao seu destino.

No mar, imenso e bonito,
Eu cuspo!
E meu cuspe se some
Diante do infinito.

O farol, um ponto...
A gaivota, um risco...
Meu cuspe, uma gota...

Eis o que somos!
Diante do Universo
Não somos nada.

E quando a raiva
Se apossar de meu corpo,
Quando o desespero
Encarnar na minha alma,
Cuspo na vida!
E sigo impune...
Dissoluto
Diante do infinito.

Richard 2010

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Friday Thirteen

"Last friday thirteen had caused strange modifications in my hormones. Ever since I feel like a wolf, I mean, a south americam werewolf in London. And, standing in London, I must speak and write in english. So in one full moon's night, I wrote this..."


Talking About Angels


I don't believe in flying saucers. I don't believe in ghosts. I don't believe in life after death. I think I don't believe in anything that seems exotic. Oh god! Why I'm so skeptic?
I don't believe in Angels completely. But, another night, I dreamed with three kinds of Angels:
The first Angel appeared when I was born. He had the face of my mother.
The second Angel, was my Guard Angel. One day looking me, carefully, in a mirror, I discovered that the Guard Angel was truly myself.
The third Angel came to me in a smoking cloud. He didn't say anything, but I knew that my time was out. I remember that I beg him just one thing. I beg:
"Please, just take my life without pain".




Poem of the Day:



Even The Angels Die


I wanted to fly, on the clouds

And move then with my breath.

I wanted to swim among the stars,

And swallow them with my kiss.

I wanted to get the infinite blast

Just to bring it true

And make the impossible, at last,

Just to be with you.


But baby, I have no intend

Don't you know why?

Even the Angels die,

And tou need to understand


I live my life like a hard bet

And with you, is much better.

Travelling so many times, yet

For places we've never been later.

I want to feel, so much, still

The scent of your savoury flower.

I want, at last, join my soul to yours

For we live a big love toghether.


But baby, I have no intend

Don't you know why?

Even the Angels die,

And you need to understand.



By Richard 2010







sábado, 21 de agosto de 2010

Boca

A digestão começa pela boca. A palavra também. Temos uma boca cheia de dentes para triturar os alimentos, e mastigar os palavrões. Certa vez um médico me disse que a boca era mais suja do que o ânus. Talvez seja por isso, que antigamente, quando falávamos bobagens, nos mandavam lavar a boca com sabão. Não sei não... Só sei que o beijo também vem da boca. O beijo me lembra língua, a língua me lembra uma citação de Nelson Rodrigues. Nosso saudoso dramaturgo disse certa vez:
"A língua é um órgão sexual usado pelos antigos para falar"
Boca, dentes, digestão, beijo, língua, sexo,... Essa conversa está me dando tanta fome, que acho que vou sair para comer uma pizza..., ou quem sabe uma "buzza"...


Poema do Dia:

Boca

Em pensar naquela boca,
Que mais que uma boca
Era pura sensualidade.
Aqueles lábios carnudos,
De um vermelho sangrento
Que me faziam engolir
Beijos irresistivelmente gulosos.

Em pensar naquela língua lasciviante
Que tal qual uma serpente
Sugava o que eu tinha de amor.
Fingia o infinito prazer
Mas, na verdade,
Envenenava o meu eu.

Só de pensar, confesso...
Sinto-me despovoado.
Você esterilizou o meu sexo
Esvaziou minha alma
Deixou-me inválido e rastejante
Como um verme na imundície do lodo.

É nessa hora que eu me viro do avesso,
E procuro clarificar meu corpo.
Exceto, é claro, a doçura daquela boca!

Richard 2010

domingo, 15 de agosto de 2010

O Envelhecer...

Um dia desses, ao me olhar no espelho, notei uma "sujeirinha" brilhante no meu cabelo. Pelo menos imaginei que fosse isso, e passei insistentemente o dedo nela para tentar removê-la. Ledo engano o meu ao notar que não se tratava de uma "sujeirinha", mas sim o brilho do início do branqueamento de um fio de cabelo. Além de cair os poucos fios que restam, agora já estavam ficando brancos.
Eu sempre tive para mim a idéia de viver até os 75 anos. Não sei porque, mas sempre achei que se eu não sofresse nenhum acidente fatal durante minha existência eu morreria de morte natural aos 75 anos de idade.
A medicina tem feito avanços prodigiosos na área da saúde, que estão me animando a mudar minha opinião sobre a data do meu ocaso. A fórmula do longevidade é sempre a mesma: Não beber, não fumar, não usar drogas, dormir pelo menos 8 horas por dia, fazer exercícios regularmente, e principalmente, ter uma dieta saudável e comer pouco para jamais sair do seu peso ideal. Só isso! Viram como é fácil...
Atualmente, a pessoa mais velha do mundo tem por volta de 130 anos. Os cientistas médicos estimam que já está entre nós o ser humano que vai chegar aos 150 anos. Hoje, esse felizardo, dizem os especialistas, deve estar com a idade aproximada de 50 anos. Se vocês, caros leitores, preencherem os requisitos acima, quem sabe essa pessoa possa ser um de vocês?
Eu, particularmente, quero viver o máximo possível. Viver até onde minhas pernas puderem me levar. Até onde eu tiver a consciência de quem sou no mundo. Até onde eu for útil aos meus semelhantes, e estes puderem tirar algum ensinamento proveitoso de mim. Enfim, viver sem pensar na morte e morrer sem pensar na vida.


Poema do Dia:

No Gume da Faca

Meu pensamento se dissolve na noite.
Eu sei que estou envelhecendo,
E nada posso fazer diante disto.
Minha carne vai se esfacelando,
Com as lambadas do tempo.
É um longo e tortuoso caminho.
No final, tudo que restam são cinzas.
A vida, assim, é difícil de suportar...
O medo de não vencer me decai,
E caído, uma vez, jamais me levanto.
Caminho eternamente na busca do equilíbrio,
Sobre o gume afiado de uma faca.
A um passo da descoberta final.
Só basta um escorregão, o mínimo deslize,
E será o mais completo fim...
Mas, sinto que, não devo ser covarde.
Incerto, ignorado, obscuro, mas decidido.
É por isso que continuo vivo,
É por isso que ando por um fio,
No gume afiado desta faca...

Richard 2010

domingo, 8 de agosto de 2010

Cicatrizes

A medida em que passamos pela vida, recai sobre nós o peso dos anos. É uma ruga aqui, é uma mancha de pele alí, é um fio de cabelo branco a mais na cabeça. Cada vez mais, vai ficando para trás aquela pele lisinha de neném, aquele cheiro de leite materno, aquela cabeçinha virginal e imaculada sem preocupação com nada.
O tempo nos atropela como um vendaval devastador, e deixa suas marcas encravadas no nosso corpo e na nossa alma. São as cicatrizes que vão escrevendo as páginas de nossa existência.
Cada marca que surge em nosso corpo tem a sua história, o seu drama particular. E até mesmo essas cicatrizes nos trazem lembranças. E, talvez, essas lembranças sejam as mais latentes em nós.
Mas existem também, as cicatrizes internas, as quais não são aparentes externamente. Essas nos castigam por dentro. E, muitas vezes, não curam nunca. São feridas abertas que nem o tempo consegue cicatrizar.
Portanto quando você se olhar no espelho novamente, examine bem suas marcas externas, elas revelam o mapa da sua vida. Quanto as outras, aquelas que você traz dentro de si, somente seu coração lhe dará a resposta.


Poesia do Dia:

Às Vezes

Às vezes,
Quando penso,
A vida me parece inútil.

Às vezes,
Quando penso,
O bom senso não tem sentido.

Às vezes,
Quando penso,
A rotina me causa náusea.

Mas isso só...
Às vezes...
Quando penso.

Às vezes me pergunto:
"- O que faço aqui?"
Às vezes me pergunto:
"- Por que chove quando estou alegre?"
Às vezes me pergunto:
"- Por que fico triste num dia ensolarado?"

Mas isso só...
Às vezes...
Quando penso.

Melhor seria não pensar.
Melhor seria ser um Andróide,
Ou melhor ainda, ser uma formiga,
Pré-programada para viver
Sem ter que pensar...

Às vezes
Sinto que sou humano!
Mas isso só...
Às vezes...
Quando penso!

Richard 2010

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

O Grito

Analise bem esta imagem acima.
O nome deste quadro é : "O Grito" pintado por Edvard Munch em 1893.
Munch era um pintor Norueguês marcado por influências impressionistas de Van Gogh, Toulusse -Lautrec e principalmente Gauguin. Sua pintura marcou fortemente o movimento Expressionista Europeu.
Eu tenho uma curiosidade, e peço que os visitantes deste blog me respondam o seguinte:
- Olhem bem para este quadro. Se for possível, entrem na atmosfera dele, e me digam que sensações ele provoca em vocês?
Se quiserem, mandem seus comentários...

domingo, 1 de agosto de 2010

Conto - Parte final

Continuação...


O Travesti da Rua Sete
Parte Final
E Ernesto vai ao Mundo


Ernesto pagou a conta e se retirou do bar apressadamente. Desta vez ficara tempo demais fora do serviço.
Os dias que se seguiram representaram um conflito de emoções na cabeça de Ernesto. Com certeza ele gostava de mulheres, mas os travestis exerciam um fascínio sobre ele, do qual não encontrava explicação. Lembrava-se de suas freqüentes visitas de carro, ao Bairro do Números, tradicional reduto de travestis. Mais especificamente a Rua Sete, passarela onde as bonecas desfilavam para seus clientes, ávidos por sexo. Até agora Ernesto se limitara a olhar os trevestis expondo seus corpos esbeltos, seus seios siliconados, suas vastas bundas. Passava várias vezes pela rua, analisando tudo que se passava a sua volta, prisioneiro da sua impotência diante do desconhecido. Mas, naquela noite, Ernesto estava decidido a resolver seu problema: "Seria agora ou nunca mais".
A Rua Sete estava à meia luz. Isso destacava mais os travestis que circulavam por ali. Dentre todos, Ernesto interessou-se por uma loira alta e esbelta que usava uma minissaia frente única. Ou seja, vista de frente era uma saia normal, mas quando ela virava de costas, o que se via era uma bunda deslumbrante totalmente desnuda. Ernesto parou o carro ao lado dela. Perguntou a respeito do programa. Ela disse que tinha um local próximo onde poderiam ficar tranqüilos. Ele só teria que pagar, além do programa, o aluguel do espaço. Após tudo acertado, foram ao destino combinado.
O apartamento estava uma bagunça. Parecia que tinham feito uma mudança, e não colocado nada no seu lugar. Móveis empilhados, montes de caixas sobre o sofá, malas com roupas dentro. Realmente uma confusão. Ela o levou até o quarto, onde havia uma cama de casal arrumada, mas ao redor via-se a mesma desordem da sala. Ligou a TV e colocou uma fita de vídeo. Disse que iria ao banheiro. Ernesto ficou olhando a fita. Era um vídeo pornô onde apareciam dois homens transando com um travesti. Ernesto achou a atriz muito parecida com a garota que acabara de conhecer. Logo ela entrava no quarto vestindo um robe atoalhado cor de rosa.
- Você quer tomar banho? - Perguntou ela a Ernesto.
- Claro que sim!
- Então pegue esta toalha. O banheiro fica logo à esquerda - Apontou para o local.
Ernesto tomou um banho rápido e voltou ao quarto. Ela estava deitada sobre a cama, mas com uma toalha escondendo o seu sexo.
- Por favor, seque bem as costas. Não gosto que molhem o meu lençol. -Ordenou ela em tom autoritário.
Ernesto já começava a sentir a personalidade singular de um travesti. Era um constante conflito, efeito da mistura de hormônios. O estrógeno lhe dava a doçura das feições femininas, e a testosterona lhe dava a rudeza e a autoridade masculina.
Da cama, ela observava Ernesto terminando de se secar. Observava todos os gestos dele. De vez em quando, lançava olhares críticos à sua genitália.
- Por acaso é você que está naquela fita? - Perguntou Ernesto balançando a cabeça na direção da TV.
Ela empertigou-se e tomou um ar de esnobe, como quem havia colocado aquele vídeo justamente para ser notada.
- Sim, fiz muitos desses quando morava em São Paulo. Mas depois a concorrência aumentou, o cachê diminuiu, então voltei para a rua onde está dando mais dinheiro. Você entende? Os caras só querem as bonecas mais novinhas para os vídeos.
Ernesto observou melhor as feições dela. Devia ter uns trinta e cinco anos. Mas facilmente passava por menos.
- Você deve ser casado, não? - Perguntou ela.
- Deu pra notar? ...É claro, a aliança...
- Não, não não...É que quase todos os meus clientes são casados. E pode estar certo, a maioria deles não que ser ativo.
Ele pareceu surpreso com a afirmação da garota e foi logo se adiantando:
- Olha, ainda não sei bem porque estou aqui, mas pode ter certeza que não quero ser passivo com você.
- Vem, deita aqui na cama, vamos agir mais e falar menos. - Disse ela.
Ernesto se deitou atravessado na cama. Ela se debruçou sobre as pernas dele e iniciou um boquete lento e contímuo. Seus seios roçavam nos coxas de Ernesto, fazendo-o ter arrepios. Ele não sabia o que fazer. Estava nitidamente inibido. Aos seus olhos tinha diante de si uma mulher deslumbrante. Mas, na sua cabeça, imaginava a figura de um homem. Sim, um homem ali, naquela cama, naquele quarto bagunçado, praticando as preliminares de um ato sexual.
Após algum tempo ela suspendeu a felação e recostou-se na cabeceira da cama. A toalha continuava encobrindo seu sexo. Ela, talvez, tivesse percebido a inexperiência do seu cliente no mundo travesti, e não quisesse chocá-lo de início.
Ela pediu que ele se aproximasse e colocasse seu pênis entre seus seios, enquanto ela os espremia. Ernesto fazia movimentos de vai e vem imitando o coito, enquanto ela gemia simulando prazer. Mas, apesar de todo esforço dela, ele não conseguia chegar ao orgasmo. Todas aquela brincadeiras ele já havia experimentado antes com várias mulheres. Não era isto definitivamente, que estava procurando. Começou a achar que não estava no lugar certo nem com a pessoa certa. Decidiu abrir o jogo:
- Olha minha querida! Eu vim até você atrás de algo que, agora eu sei, não faz parte de mim. Eu tinha que conhecer, ver de perto, sentir, você me entende? É um sentimento que não vai rolar nunca. Eu tinha e tenho um fascínio por vocês: Travestis. Essa dualidade que faz parte de suas vidas. Ser homem e mulher ao mesmo tempo, é algo realmente incrível e ...
Sua frase foi repentinamente interrompida por ela:
- Incrível? - Exclamou ela com desdém - Você não sabe o que é ser discriminada. Ser motivo de chacota na escola. Ganhar carrinhos de brinquedo, quando na verdade, gostaria de brincar com bonecas. E o pior de tudo, receber o desprezo da família. O desprezo de um pai e de uma mãe é uma ferida que jamais cicatriza. Lembro até hoje o dia em que meu pai me expulsou de casa. Eu tinha apenas 15 anos, e resolvi parar de fingir ser o que não era. Eu assumi minha sexualidade e até hoje não me arrependi disso, pois aquilo era maior do que eu. Eu havia nascido assim...
Depois de uma breve pausa, continuou:
- Assim como uma larva feia e desengonçada se fecha em seu casulo, e depois de algum tempo se transforma numa linda borboleta. Cheia de vida e cor. Também eu desabrochei, e alcei vôo para não mais voltar...
Ernesto notara uma visível emoção em sua voz trêmula. Ficou sem palavras. Vestiu suas roupas calado. Pensou que aquilo tudo tinha sido um erro seu. Um terrível engano, ele ali com um travesti, num quarto barato. Um pai de família cinqüentão, se expondo daquela maneira.
De repente ela mudou de astral. Enxugou as lágrimas e adquiriu uma atitude vivaz.
- Sabia que você não vai mais me encontrar na Rua Sete?
- Por quê? - Perguntou Ernesto curioso.
- Um cliente meu me convidou para ir com ele para a França. Ele tem uma casa de espetáculos em Paris. Você não sabe, mas eu sou uma excelente cantora e dançarina. Ele quer que eu seja a atração especial para sua casa. Resolvi aceitar. Lá fora, nós os travestis, somos mais respeitados. Aqui no Brasil, somos tratados como aberrações.
Ernesto já terminava de se vestir e disse:
- Fico feliz por você. A Rua Sete não será mais a mesma sem a tua beleza. Mas não se preocupe, eu já decidi que não vou mais passar por lá. Não é o meu chão entende?
Ela lançou um olhar maroto para Ernesto e disse:
- Você quer saber de uma coisa? Eu tenho certeza que você voltará à Rua Sete. E isso não vai demorar.
- Como você pode ter tanta certeza? - Perguntou Ernesto preocupado.
Ela olhou fixamente para ele e disse:
- Porque você ainda não encontrou o que estava procurando. E enquanto uma pessoa não desvenda o desconhecido ela não tem paz em sua alma.
- Ah! Como eu queria que você estivesse errada...
Ernesto esperou que ela abrisse a porta. Então lhe beijou a face dizendo:
- Adeus! Vê se te cuida.
- Você também...Adeus!
A porta se fechou atrás de Ernesto. E com ela ficaram trancados todos os seus fantasmas e desejos sufocados. Não sabia até quando. Só queria que fosse para sempre.
Na volta para casa cruzou uma conhecida rua trasnsversal. Deu uma olhada rápida, balançou a cabeça e sorriu. A Rua Sete ficara para trás, envolta na penumbra.


Fim.


Poesia do Dia:

O Vôo da Borboleta

Quem hoje te vê assim tão esfuziante
Jamais imaginaria tua origem peculiar
Sob teu véu de seda contagiante
Escondes um segredo deveras particular

Teu semblante infantil feminino
Outrora já deixava transparecer
A impotência de um ser feito menino
Mas com a alma aflorando num renascer

Nem a larva sabia do seu destino
Imóvel em sua crisálida trocando a identidade
E se transformando num novo ser vespertino:
Uma linda borboleta na implacável cidade

Longe da dúvida atroz de sua mente
Buscando seu espaço no mundo feroz
Voa borboleta no seu caminho diferente
Qua a vida real não é como no reino de Oz

Vendo-te agora, nesta esquina sombria
Vendendo teu corpo a qualquer valia
Para comer o pão nosso de cada dia
Vejo que a sociedade te julgou a revelia

Nesta hora descubro porque vive tão pouco
A borboleta neste mundo ingrato e cruel:
É para não ter tempo de sentir o sufoco
De uma vida oprimida e um amor infiel.

Richard

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Conto - Parte II

Continuação...





O Travesti da Rua Sete

Parte II

Um homem, uma mulher, um motel





Na cabeça de Ernesto era uma confusão de sentimentos, cheiros e lembranças do passado.A garçonete lhe trouxe outra xícara de café e já o encontrou mergulhado em diferentes sensações. Ernesto agora lembrava sua experiência com uma garota de programa num motel:
Ele e ela num quarto de motel. E porque não? Ambos maiores, vacinados, no auge da libido sexual. É bem verdade que não se conheciam, e a primeira vez é sempre mais complicada. Ela agarrou a chave do quarto e foi logo enfiando na fechadura. Não abriu. Houve uma breve luta entre ela e a fechadura... Não abria. Ernesto olhava espantado o que acontecia, porque notou que ela não se dera conta que estava tentando abrir a porta que dava acesso à área de serviços do motel. De súbito ela se deu conta do erro, e meio sem jeito apenas disse:
- Essa não é a primeira vez que me acontece isso - Soltando um sorrisinho nervoso.
Ernesto apenas sorriu tentando aparentar indiferença.
A noite prometia, imaginou ele.
O quarto a meia luz. Tudo muito limpo e ajeitado embora fosse apartamento "standard". Ela ligou a TV onde passava um filme pornô. Ele não deu muita importância, pois preferia ouvir música, mas o som ambiente era de rádios FM. Então ignorou o som e a imagem, afinal o que interessava a ele era o toque, o cheiro, e outras coisas palpáveis.
Depois do banho ele se esticou sobre a cama, onde ela esperava anciosa. Ela começou, delicadamente, beijando o peito dele e foi baixando até a cintura. De súbito, parou e perguntou:
- Posso chupar teu pau?
Ele, sem esconder seu espanto, respondeu:
- Não só pode como deve.
- É porque tem homem que não gosta que faça isto - Retrucou ela com autoridade.
Ela, então, mergulhou a boca iniciando a felação. Ele ficou intrigado pensando como podia um homem não gostar daquilo. No pensamento dele o cara só podia ser doente.
Depois do boquete, ela sentou sobre suas coxas e continuou beijando-lhe o peito. Num movimento brusco ele tentou beijá-la na boca, mas ela rapidamente virou o rosto.
- Beijo na boca não! - Disse ela enfaticamente.
Ele brochou na hora. Foi como se um balde de água gelada tivesse desaguado sobre Ernesto. O beijo na boca significava uma preliminar importante para ele.
Houve um momento de silêncio. Ela sentiu o clima adverso que causara, e tentou remendar a situação:
- Você quer comer meu cuzinho? - Perguntou ela à queima roupa.
Ela sabia que homem nenhum no mundo recusaria esta proposta. Mas ele estava tão abalado com o acontecida, que não esboçou reação. Teve medo de falhar por causa da decepção. Mesmo assim ela estava decidida a agradar seu cliente. Ficou de quatro, balançando lentamente sua enorme bunda na frente dele. Ele não teve como fugir ante aquela visão deslumbrante. Notou que ela tinha uma tatuagem na parte de cima da nádega direita. Era um coração de cor vermelha com a palavra "Love" escrita dentro. Ele começou a ficar excitado. Ela curvou o dorso encostando o rosto no colchão, empinando bem a bunda e afastando as coxas. A excitação dele retornara com força. Colocou a camisinha e a penetrou com vontade. O gozo veio rápido e forte. Tão forte e violento, que a camisinha rebentou durante o ato.
- Bah! A camisinha rebentou. - Disse ele.
- O quê? Como? - preocupou-se ela.
- Da minha parte você não precisa se preocupar - Afirmou Ernesto.
- Por quê? Você faz exame seguido? - Indagou ela.
- Não, mas vai por mim, não precisa se preocupar.
- Eu faço exame a cada seis meses - disse ela.
- Bem que você faz. No seu trabalho você vive uma situação de risco permanente.
Ernesto olhou o relógio, e se levantou rapidamente.
- Caramba, já estou atrasado. Preciso ir embora.
A garota olhou para ele com indiferença e pensou consigo:
-"Ah! Esses homens casados, sempre com pressa..."



Continua...

Poesia do Dia:

As Portas do Paraíso

Contigo eu vou ao paraíso
Elevo a minha alma,
Sou puro!

Guardo em meu peito imaculado
O desejo ardente por ti,
Que me cega e me conduz
Dentro dessa noite sem luz.

Meu paraíso brota em ti
Em cada arrepio da tua pele,
Em cada sólido, gasoso ou líquido,
Que te vaze..., e me gele...
Que te amarre..., e me case...
Que te goze..., e me goze...

Não sou nenhum vestal
E não quero ser um ser comum
Nem tampouco ser um imortal
Só quero me purificar
Para ser digno
De penetrar
Nos teus domínios
No teu portal...

As portas do paraíso
São, em ti, eternas...

As portas do paraíso
São tuas pernas...

Richard

sábado, 24 de julho de 2010

Um conto em três capítulos

Hoje resolvi exercitar o meu lado contista. Raramente escrevo contos. Somente quando me surge uma idéia original. Espero que apreciem...


O Travesti da Rua Sete
Capítulo I
O Beijo

Ernesto Ruiz era o tipo de sujeito pacato e ordeiro. Sempre disposto a ajudar seus amigos e parentes. Bem casado, pai de duas filhas: Amanda, 25 anos; e Samantha, 28 anos, ambas já encaminhadas na vida. Sua esposa já beirava os 50 anos, mas era uma mulher bem conservada, que não aparentava a idade que tinha. Ernesto era funcionário público de muitos serviços prestados ao governo. Chefe de sua seção, tinha, por isso mesmo, algumas regalias, entre elas a possibilidade de dar uma escapada durante o expediente. Nada comprometedor: um passeio pelo centro, um cafezinho no bar da esquina, ver as novidades das bancas de revistas, tudo dentro das possibilidades que o emprego lhe proporcionava.
Naquela tarde comprou o jornal e foi para o bar. Pediu um café preto sem açúcar, segundo Ernesto - Doce chegava a vida, pena que era tão curta. A garçonete saía dando gargalhadas. Isto satisfazia Ernesto que não gostava de "carranca", preferia fazer todo mundo sorrir e se divertir com suas brincadeiras, pois assim - Se vivia mais - Afirmava ele.
Abriu o jornal e foi direto à parte dos classificados, mais especificamente à seção de acompanhantes. Percorreu, maquinalmente, com o dedo as colunas de anúncios, como alguém que já fizera muitas vezes aquilo. Lia cada texto com atenção cirúrgica. Pausava demoradamente nos que lhe chamavam mais a atenção. Um dizia:
"Isabelle, um furacão de loira, 25 anos, 1,72 altura, 61 quilos, 100% liberal. Oral sem camisinha até o final. Venha me conhecer, com local. Fone:..."
Outro dizia:
"Scheila, Pérola Negra, passista de escola de samba, 21 anos, 1,69 altura, 54 quilos. Venha sentir o rebolado que só uma mulata tem. Atendo hotéis, motéis e a domicílio. Fone:..."
Outro ainda:
"Mulher casada, Helena, 35 anos, corpo em forma, quadril grande, louca para trair o marido. Sigilo absoluto, com local aquecido no centro. Fone:..."
Ernesto obeservou que havia muitos anúncios de transsexuais. Continuou lendo:
"Transex Júlia, 23 anos, 1,75 altura, 65 quilos. Siliconada, ativa e passiva. Venha conhecer este vulcão na cama. Prazer garantido com algo mais. Ap. privê no centro. Fone:..."
De repente seu olhar se fixou no infinito e sua mente viajou anos atrás, buscando lembranças do passado. Lembrou do primeiro travesti que conheceu num bairro da cidade. Tinha, então, 19 anos. Era um garotão com seu primeiro carro, ainda inexperiente nas coisas da vida. Foi quando inesperadamente viu aquela garota, de minissaia, blusa folgada acima do umbigo, cabelo curto, mas volumoso, e lábios carnudos pintados num vermelho exagerado. Parou num rompante e abriu a porta do lado do caroneiro. A garota escorou o braço na porta e inclinou o corpo para falar com o motorista:
- Está a fim de fazer um programinha? - Perguntou ela com um sorriso malicioso.
Ernesto automaticamente enfiou a mão por debaixo da blusa da moça. Sentiu que ela usava um sutiã com prótese de silicone. Havia confirmado suas suspeitas: "Ela era um travesti!".
Ele não teve coragem de desistir, o desejo falava mais alto.
- Quanto custa? - Perguntou ele.
- Trinta.
- Onde vai ser?
- Eu conheço um lugar aqui perto - Disse ela.
- Vamos lá, então. Pode entrar no carro.
Rodaram algumas quadras, até que ela indicou um estacionamento sobre a calçada, defronte a um prédio, provavelmente uma fábrica abandonada. Ela desabotoou a calça de Ernesto, iniciando as primeiras carícias em seu sexo. Ernesto não ficou com tesão. Estava nervoso. Talvez o local o intimidara. E se alguém passasse por ali. Se aparecesse algum bandido. Estaria completamente frito. Sentiu-se desconfortável. Ergueu delicadamente a moça. Agora podia ver-lhe a face mais de perto. Tinha feições joviais, talvez uns 19 ou 20 anos. A pintura do rosto era carregada, memo assim ela era bonita. Ao tocar no cabelo dela, confirmou tratar-se de uma peruca. Sentiu-se mal, não estava excitado. Decidiu tomar uma atitude radical. Quem sabe um beijo naqueles lábios carnudos, despertar-lhe-ia o desejo? Fechou os olhos e sua boca foi de encontro à dela. A língua da garota invadiu o interior de sua boca. A saliva dela tinha gosto de nicotina. Ernesto sentiu nojo. Aquele beijo lhe parecia desconfortável, inaceitável, interminável. Interrompeu, de repente, o beijo e exclamou:
- Não vai dar. Eu te pago o programa, mas vamos deixar assim. Eu te peço desculpas, o problema não é contigo, mas sim comigo.
Ela disse que por ela estava tudo bem e pediu que a deixasse no mesmo local em que havia embarcado. Ao se despedir ela disse:
- Vê se deixa esse preconceito de lado, viu?
Ernesto acenou com a mão em despedida, sentindo alívio na alma.
- Sr. Ernesto,está tudo bem?
Ernesto voltava de seu mergulho no passado. A garçonete repetiu a pergunta:
- Está tudo bem Sr. Ernesto?
- Ah! Claro que sim - Respondeu Ernesto voltando a si - Por favor me traga mais um café. Ernesto já se recompunha.
A garçonete atendeu prontamente.
Ernesto sacudia a cabeça com essa lembrança do passado, como que não acreditando que tivesse passado por isso. Ao final falou baixinho para si mesmo, como se estivesse pensando em voz alta:
- Caramba, eu já beijei um travesti!


Poesia do dia:

Roleta Russa

Somos a bala da vez,
Na roleta russa da vida.
Basta um clic talvez,
Para a dança, a morte convida.


Gira tudo, tudo gira
Ao nosso, estranho, redor.
Vivemos a cirandar nossa ira,
Mas o tema sabemos de cor.

Na roda da vida giramos,
E acabamos sempre no mesmo lugar.
Teimosa oração em domingo de Ramos.
Esperando o Salvador, que nunca vai chegar.

Deixemos o tambor rodar
Pela última vez, enfim
Seremos crianças, no céu, a acordar.
Tornar-nos-emos Arcanjos, no fim.

Gira tudo, tudo gira
Ao nosso, inusitado, redor.
Vivemos a cirandar nossa ira.
Mas nosso destino, sabemos de cor...

Richard

sábado, 10 de julho de 2010

Um Dia Seremos Todos Um Só

Desde o descobrimento do Brasil no ano de 1500, o país vem apresentando um processo de miscigenação de seu povo. No começo só haviam indígenas, que eram donos da terra e dela tiravam seu sustento. A colonização portuguesa, de cultura superior, foi aos poucos relegando os custumes e tradições dos índios. Inevitavelmente iniciou-se o cruzamento da raça branca e indígena. Mais tarde, com o advento do ciclo da cana-de-açúcar e do café, houve necessidade de trazer mão de obra escrava. Navios negreiros despejaram uma imensa população escrava proveniente da África. Novamente tivemos o cruzamento das raças branca, indígena e negra. À esta mistura fantástica de cores, ainda se juntaram os imigrantes alemães, italianos, japoneses e muitos outros.
O Brasil virou um tubo de ensaio da miscigenação das raças do mundo.
Segundo um senso recente do IBGE, a distribuição de raças no Brasil, em números absolutos, é a seguinte: Brancos 49%, Pardos 43%, Negros 7%, outras raças 1%.
Uma constatação importante da pesquisa é de que a cada ano que passa, diminui o número de brancos e negros e aumenta o númenro de pardos (mulatos). Isto quer dizer que num futuro bem próximo toda a população brasileira será parda, ou seja morena ou mulata.
Portanto aos racistas de plantão o caminho é a cova dos leões. Pois não importa o que pensem ou falem, um dia ainda seremos todos um só. Sim, seremos todos irmãos, nem que seja só de pele...


Poema do Dia:

Poema Vertical
@ T
!
VIDA
!
Dinossauros
!
Homem das Cavernas
!
Luta pela vida: Difícil/Sofrida
!
Evolução - Invenção: Fogo/Armas
!
Formação de Agrupamentos Humanos
!
Aparecem as Cidades
!
O Homem Evolui +
!
Invenção da Máquina
!
A Vida se Torna + Fácil
!
Grandes Conglomerados Urbanos
!
Comunicação + Rápida + Fácil
!
Meios de Transporte + + Rápidos
!
Invenção do Computador
!
A Vida se Torna muito + Fácil
!
A Conquista do Espaço
!
Melhoria do Nível de Vida
!
Poluição da Natureza
!
Novas Formas de Energia = Fusão Nuclear
!
Fim das Madeiras/ Fim do Petróleo
!
Alimentação Concentrada em Pílulas
!
Cidades Espaciais
!
Modificações na Estrutura Física e Mental do Ser Humano
!
A Vida se Torna muito + Fácil Ainda
!
Cérebro Humano se Desenvolve Fantásticamente
!
Telapatia/ Velocidade da Luz é Superada
!
A vida na Terra se Extingue
!
Gerações e Gerações se Passam
!
O Homem Espacial Conquista o Universo !
Richard

sábado, 3 de julho de 2010

Brasil, Ame-o ou Deixe-o

Quando iniciei meu curso de graduação, fizemos um trabalho em sala de aula onde debatíamos a respeito de um livro chamado "Brasil, Retrato sem Retoque". O livro apresentava uma série de equívocos e desperdício de dinheiro público com obras como a Transamazônica e a eliminação de nossa malha ferroviária, em detrimento das rodovias muito mais dispendiosas.
hoje, passados 30 anos desse episódio, parece que estamos assistindo ao mesmo "filme", apenas com personagens diferentes. O Brasil continua se afogando no mar de sua própria ignorância.
O MOBRAL, instituição criada para erradicar o analfabetismo, durou 40 anos e acabou sendo extinto, pelo simples motivo de ter aumentado o número de analfabetos ao invés de diminuir. Aliás, a educação deste país anda na sola do sapato, assim como a moral e a saúde.
Do contingente estudantil que entra nas escolas, grande parte não acaba o ensino fundamental, e apenas 1% chega ao ensino superior. Pior ainda, desses 1% de universitários, 50 % deles já tiveram contato com drogas ou bebidas alcoólicas e possivelmente desenvolverão dependência ou alguma seqüela futura. Pasmem, este é um dado alarmente, e eu me pergunto o que será do futuro do Brasil, um país continente, se a sua elite cultural segue sem rumo?
Pobre Brasil, país entregue aos safados, aos traficantes, aos oportunistas. Onde ficou nossa consciência política, nosso senso de indignação?
Eu considero que a Revolução de 1964, que instituiu a ditadura militar, acabou com as nossas lideranças. Liquidou o despertar político das gerações que se seguiram, jogando o país num vácuo cultural de 30 anos.
Deve estar na nossa genética a sintomática mania de levar vantagem em tudo. A curriola Portuguesa da corte de D. João VI deixou essa herança maldita arraigada em nossas entranhas. E assim vamos caminhando, de mal a pior...
Um povo massacrado pela sua ignorância, mas sempre disposto a sorrir. com seu sorriso banguela e inocente. Um "Zé Galinha", um "Burro Obreiro", que trabalha o dia inteiro feito um boi de canga, calado e resignado. E à noite vai para casa feliz, assistir à novela das 8 ou a um jogo de futebol.
Triste Brasil. O Brasil das falcatruas, do dinheiro nas cuecas, dos dólares nas meias, das cápsulas de cocaína nos estômagos das "mulas". Pobre Brasil. Por quanto tempo ainda teremos que assistir ao mesmo "filme"?
Ou Será que a melhor saída para o Brasil é o aeroporto?



Poema do Dia:

O Anoitecer de Domingo

O anoitecer de Domingo me entristece.
Bate uma angústia e vou ficando "Blasé".
Todos os meus problemas florescem neste anoitecer.

O anoitecer de Domingo me assusta.
Fantasmas, pesadelos, bruxas, sacis...
Todas as forças do mal me atormentam neste anoitecer.

E o Domingo se encaminha para o fim.
Ouço ruídos de passos no sótão.
Será a filha bastarda da escuridão,
A me buscar para enfeitar o seu "jardim"?

O anoitecer de Domingo me envelhece,
E contra isso não posso lutar...
Só esperar que passe a semana e volte a anoitecer.

Richard

domingo, 13 de junho de 2010

A Curvatura do Universo

Tudo é curvo ao nosso redor. Plantas, animais, seres humanos, todos são arredondados. Não há espaço para arestas no nosso mundo. Nada de pontas, nada de cantos, nada de bicos, tudo é redondo. O homem, com sua inteligência privilegiada, inventou construções quadradas e pontiagudas indo na contramão da própria natureza. Nosso corpo é cheio de curvas, onde os líquidos fluem harmonicamente numa aerodinâmica perfeita e quase mágica. Já pensaram se os seios fossem cúbicos e as bundas fossem quadradas? Seria um desastre total ...No mundo , o curvo é natural, e o que for quadrado é invenção, no máximo um quadro de Picasso.
A terra é redonda, a lua é redonda, os planetas são redondos, tudo é redondo. Existe uma força invisível responsável por tudo isso : A gravidade.
As forças gravitacionais agem a grandes distâncias e em todas as direções, esculpindo, esmerilhando, arredondando tudo a sua volta. Essa é a razão por não existir nenhum planeta "quadrado". A gravidade age em todas as direções, com a mesma intensidade, arredondando tudo numa simetria perfeita.
Edwin Hubble, importante astrônomo americano, cujo nome serviu para batizar o telescópio espacial que a 20 anos vem desvendando os místérios do espaço, foi o primeiro cientista a descobrir que o universo está em expansão. Depois do "Big Bang", a grande explosão que deu origem ao universo, houve um espalhamento dos astros formando planetas, galáxias, nebulosas, etc., em todas as direções, em uma expansão que é lenta, mas contínua.
A questão, agora, é saber onde fica a curvatura do universo. Aí então saberemos se ele é finito, pois a resposta de onde tudo começou está no fim. Esse papo parece loucura, mas é assim mesmo, os cientistas buscam as respostas para os mistérios do início do universo na curvatura do final dele, na borda que limita o tudo do vácuo absoluto.
Enquanto eles buscam as respostas, nós continuaremos vivendo no nosso mundo redondo, dominado por curvas, esperando que o tempo, senhor de todas as soluções, nos apresente a sua.



Poema do Dia:

Astros

Perdidos estamos, num universo vazio.
Vejo, em ti, uma noite de luar.
Vejo, em mim, um meteoro sem par.

Somos dois astros, na fria madrugada.
Aparentemente vazios, sem rumo, sem ter o que fazer,
Vasculhando o espaço à procura do prazer.

Sim, o prazer, este será o nosso ponto de encontro.
Dois corpos, em inevitável rota de colisão.
Dois corpos, interagindo, por puro tesão.

Encontrar-te, neste universo, não é sorte, é sortilégio...
Explorar teu planeta, para mim, um mistério encoberto,
Faz meu corpo tremer, a cada valo descoberto.

Derramar meu líquido quente em tuas entranhas,
E deixar a vida fluir seu caminho natural,
Faz minha existência ter um sentido vital.

E assim vamos, nós dois, pelo sem fim...
E que não desista o sol do calor...
E que não insista o ódio na dor...
E que não exista final nesse amor...

Richard

sábado, 29 de maio de 2010

Receita de Mulher

A antiga civilização grega sempre foi conhecida pelo seu culto à beleza. Escultores da época representavam seus "Deuses" em formas e medidas milimetricamente perfeitas. As medidas da estátua da "Vênus de Milo", durante muito tempo, foram tomadas como base das medidas ideais para o concurso de beleza da Miss Universo. Ou seja a perfeição da mulher estava materializada ali, naquela representação escultural quase divina.
No reino animal, onde está incluida a raça humana, o homem desempenha o papel do forte que desafia os outros machos para alcançar seu harém desejado. Ao passo que a mulher tenta expor sua beleza, seu cheiro, sua sedução, para tentar chamar a atenção dos homens que lhe interessam.
Está claro que cada mulher tem seu atrativo. Algumas tem a beleza, outras compensam a falta da beleza com o charme. É certo também, que cada homem procura uma mulher que tenha os atributos que ele quer ver nela. Melhor que seja assim, pois o mundo seria muito chato se todos gostassem dos mesmos padrões.
Cada um tem o seu ideal de mulher, mas acredito que a pessoa que melhor soube expressar a beleza da mulher em palavras, tenha sido Vinicius de Moraes, o nosso "poetinha".
Vinicius de Moraes, grande escritor, poeta, compositor brasileiro. Um homem que viveu intensamente a vida. Um boêmio nato, e muito... , muito... namorador. Vinicius era um apaixonado pela beleza feminina, e quando não era correspondido, freqüentemente entrava numa fossa tremenda juntamente com seu copo de "whisky". Em seu poema "Receita de Mulher" ele cita a célebre frase que volta e meia está na boca dos brasileiros: " As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental...".
Como todo bom homem, eu também tenho a minha receita de mulher ideal. E já que não sou de ficar em cima do muro, vou passá-la a vocês. Lá vai:
Fisicamente a mulher ideal não deve ter menos que 1,70 m de altura. Deve ter um peso entre 60 a 65 kg bem distribuidos. O corpo deve ter o formato, não de violão, mas sim de violoncelo, ou seja, mais encorpado. Isto quer dizer que as curvas começam com os seios de tamanho médio cheios, contornam a cintura fina e circular e abrem, de repente em apoteose, num quadril largo composto de glúteos simetricamente volumosos e coxas roliças. Há de ter um fogo no olhar e lábios apetitosamente carnudos. As mãos devem ser firmes e delicadas ao mesmo tempo. E os pés simétricos e longilíneos. Deve ter a inteligência do entender e do falar sobre todas as coisas. E a alegria na alma para que possa contagiar quem dela se aproxime.
Encontrar uma mulher assim, é mais ou menos como acertar sozinho na loteria. Mas se você, por acaso, tiver a sorte de encontrar o seu tipo ideal de mulher, não se anime muito, porque você poderá não ser o tipo ideal dela.



Poema do dia:

Soneto de Infidelidade

"Em memória de Vinícios de Moraes"


Desculpe paixão, frugal sentimento.
Mas eu preciso atender a um chamado.
Que acima de fazer um ser amado,
Detesta a rotina de um vão momento.

E a ele me entregarei sem lamento.
Já que o instinto de animal é legado.
Mais que o amor: ilusão do inconformado,
E além da morte: derradeiro advento.

O sêmem desagüado espalha a vida
A vida que se deve perpetuar,
Na busca da insana razão de existir.

Que o sexo não seja a desunião do lar
Pois sem ele o ser humano irá assistir,
O trem passar num caminho só de ida.

Richard

domingo, 18 de abril de 2010

As Megalópoles

Existe uma megalópole dentro de nós. Talvez não saibamos, mas ela está lá. O homem está condenado à enlouquecer num grande centro urbano. Com sua superpopulação, com seu trânsito caótico, com o colapso dos serviços na hora do "rush". A nossa evolução aponta nessa direção. Temos que aprender a ser sociáveis, temos que aprender a dialogar com os ladrões, temos que saber a hora de tirar o pé do acelerador, e navegar por águas calmas. Como disse Drumond: "- A vida necessita de pausas...".
São Paulo, Nova York, Tóquio, Paris, Pequim, Moscou,... Todas enfim, estão dentro de nós. Elas pulsam na nossa febre interior. Quantos anos de evolução nos separam da vida nas cavernas. Quanto se cresceu de lá para cá. As megalópoles são a síntese evolutiva da civilização. Elas são o retrato da humanidade. Elas são o que somos hoje. O que há de feio ou bonito, moderno ou clássico, chique ou brega, inteligente ou decadente, luxuoso ou pobre, enfim, tudo desfila diante de nossos olhos nas megalópoles. Nelas temos o que queremos 24 horas por dia. Nelas o coração bate eternamente. Temos que vivê-la diariamente, respirar sua poluição, ouvir seus ruídos diversos, povoar seus parques, morar em seus prédios, dar de cara com seus muros e com suas grades.
Enfim, as megalópoles são seres vivos. Elas nos engolem, nos digerem, nos defecam diariamente. Nós somos os parasitas das grandes cidades, precisamos delas, assim como elas precisam de nós. É uma relação simbiótica sem fim. Viva as megalópoles, talvez você não saiba, mas elas estão dentro de você.


Poema do dia:

Grande Cidade

A noite derrama o seu manto,
Na desumana e fria grande cidade.
Em seus becos proliferam, como por encanto,
Seres de duvidosa identidade.

Vejo damas da noite na praça ao luar,
A se balançar em brinquedos de crianças.
Parecem querer buscar, em algum lugar,
A perdida infância de suas lembranças.

Crianças pedintes e maltrapilhas,
Se prostituindo e cheirando cola.
Mal sabendo de quem são filhas
Vão fazendo, do mundo, sua vil escola.

Nas ruas se intrometem os camelôs.
Vendendo bugigangas descartáveis,
Diante de um cinema com detestáveis
Cartazes poluídos de cenas pornôs.

A fumaça densa no ar impregnada.
O cheiro do churrasco, da fritura,
Tudo misturado virando em nada.
Vão enchendo o copo, que um dia satura.

E assim, como um moribundo leproso,
Padece aos poucos, a grande cidade.
Num autofagismo lento e vicioso
Vítima da própria ferocidade.

Richard

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Falando Sobre Marte

Eu cresci ouvindo estórias de marcianos. Aqueles pequenos homens verdes faziam parte dos meus pensamentos infantis, a tal ponto de ficar com medo que eles invadissem a Terra e nos submetessem às suas vontades. Muitos filmes de ficção científica contribuiram para esse pânico vindo de Marte. Discos Voadores ainda são vistos pelos mais crentes, ou por aqueles que mergulham em viagens lisérgicas.
Eu até que gostaria de ser abduzido por uma marciana gostosa, trocar algumas informações e que sabe, alguns líquidos corporais. Mas desisti de tudo isso ao ver a imagem horrivel que Hollywood criou para esses seres extraterrenos. Graças a evolução da tecnologia, e às viagens de sondas espaciais para Marte, esta imagem dos marcianos caiu por terra. As últimas notícias de Marte dão conta que ainda não foi encontrada nunhuma espécie de vida, nem mesmo microbiana, na superfície do planeta. As imagens que chegam até nós, são de um planeta frio, inóspito e desértico. Isto me basta para ficar sem nenhuma vontade de visitar Marte, e de sobra, quebra o encanto que tinha por esse planeta. Cada vez mais me convenço que estamos sós no Universo. Por mais que os cientistas afirmem que possam existir milhares de planetas iguais à Terra em outras tantas Galáxias, estas estão à vários anos-luz de distância de nós. E um ano-luz é muito longe para mim. Nós ainda, nem sequer alcançamos a velocidade da luz...
Cuidemos, portanto, da nossa querida Terra. Ela é única. Somos abençoados por tê-la como mãe. E, quanto à Marte, continuará sendo para mim um mistério a ser desvendado em meus sonhos marcianos.





Poema do Dia:



Campos de Marte

Os campos de Marte
São como os da tua mente
Pálidos, áridos em toda a parte.
Não nasce flor,
Não nasce amor,
Não nasce semente...

O que te fez ser assim
Um mundo fechado, lacrado,
Distante no sem fim
Insensível, intangível,...
Um rio invisível
Num leito parado.

Ventos violentos varem teu país
Dispersando as sementes prometidas
Arrancando meus desejos pela raiz
Que vão ficando para trás em covas contidas.

As dunas não guardam lugar no espaço
Levadas ao vento frio e devasso
Assim como na tua mente os pensamentos
São volúveis ao sabor dos sentimentos.

Amo-te no silêncio sepulcral.
Nesta espera dolorosa que o tempo passe.
Como lesmas lerdas no quintal
Arrastam-se as horas no relógio sem face.

Tudo mais é vácuo e vastidão
Um hiato apartando o meu e o teu coração
Anos-luz de distância reprimida
No alvor da aurora da minha vida.

Marte, morte, Marte, morte, Marte, morte,...
Existe algo suspeito no reino de Marte
Que a tua indiferença soterra com arte
E me faz sorrir, até na hora da morte.

Richard