quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Felix Felicis Day

Acordou, mesmo que não quisesse. E acordou sorrindo, para seu maior espanto. Já não lembrava mais da última vez que acordara feliz. A rotina do dia a dia, as preocupações da trabalho, o stress do trânsito sempre o deixavam "derrubado", sem vontade de levantar e ir à luta. Mas esse dia estava diferente. Sentiu-se movido por uma vontade interna enorme. Parecia que cada músculo do seu corpo palpitava por vontade própria. Olhou-se no espelho e gostou do que viu. Parecia rejuvenescido. Sentiu-se atraente apesar de já estar com 40. Seria capaz de provocar suspiros em garotinhas de 20 anos. Mecanicamente, deixou suas roupas tradicionais de lado e vestiu-se com "roupas de domingo". Usou o que tinha de melhor: Blaser, camisa, a melhor calça jeans e sapatos bicudos envernizados. Saiu apressado em direção ao ponto de táxi. Ele jamais chegara atrasado ao trabalho. No caminho, uma buzinada de carro lhe chamou a atenção. Era uma colega de trabalho lhe oferecendo uma carona. Ele sempre nutrira por ela um interesse além dos assuntos profissionais. Mas ela nunca lhe dera bola. Ao chegar ao local de trabalho, foi recebido com uma boa notícia do chefe: Havia sido promovido ao cargo de Gerente de Marketing. Mal podia acreditar que tudo isso estava acontecendo bem diante dos seus olhos. Na hora do almoço a mesma garota que lhe dera carona, agora sentava-se ao seu lado e lhe dizia que ele parecia mais másculo, mais atraente, mas não sabia descrever o porquê. Ele pensou consigo que só poderia ser coisa de "hormônios", pois nem perfume ele estava usando. Não perdeu a oportunidade e convidou-a para jantar e depois, quem sabe, algo mais.
No dia seguinte acordou sozinho em sua cama, embrulhado em lençóis e com roupas espalhadas pelo chão. Nenhum bilhete, nenhuma cobrança do acontecido na noite anterior...
Abriu um sorriso largo. Não tinha dúvidas: Aquele fora o seu Felix Felicis Day.


Poema do dia:

Loteria

Ah! Como eu queria ganhar na loteria
Aí, com certeza, você me notaria.
Talvez isso aconteça algum dia
Eu ganhar na loteria, e você minha seria.

Ah! Como eu queria ganhar na loteria
E o que você faria nesse dia?
Aposto que do meu dinheiro gostaria.
Eu ganhar na loteria, e você feliz ficaria.

Ah! Como eu queria ganhar na loteria.
E ter você ao menos por um dia.
A fortuna me seria de pouca valia,
Se eu amasse você noite e dia.

Ah! Como eu queria ganhar na loteria
Minha fortuna toda eu daria,
Para ter você, ao menos por um dia.

Richard 2011

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Pensamento

"O homem é o lobo do homem"
Thomas Hobbes


Poema do dia:

Lobo da Madrugada

Anoitece na cidade.
Ando sem rumo sob o asfalto frio
Que forma as ruas.
Os prédios, gaiolas de concreto cinzento,
Sombreiam o meu caminho,
Ao toque da luz difusa.
E eu sou só, na minha perdição...

Cada rua, cada esquina, cada beco,
Vasculham-me...
Dissecando partes do meu corpo,
Que vão ficando perdidas,
Aos poucos...
Na poeira do caminho.
E eu vou só, na minha loucura...

Um lobo que uiva solitário na madrugada
Cuja resposta vem em sons vazios,
Que ecoam no concreto da selva dura.
E a lua, testemunha muda,
Dos caprichos meus,
Espia meus passos onde quer que eu vá.
Ilumina as casas, ilumina as praças, ilumina os amantes...
Só não ilumina minha mente, cega de desejo...

Um lobo solitário em busca da caça.
Uma sombra que espreita sob a luz do luar.
Um cego acéfalo no alvor da madrugada.
Um bêbado imundo e sem rumo no mundo.
Inúmeros predicados podem me qualificar.
Sou tolo adepto de todos eles.
Suas raízes me consomem as entranhas,
Como musgos que crescem na rocha nua...

Esse estranho mundo noturno
Engole-me...
Damas da noite, travestis de falsos seios,
Sereias siliconadas, piranhas de calçada,
Digerem-me...
Sugam-me, o que eu nem tenho para dar.
Enquanto meu sangue corre tortamente,
Dentro de minhas artérias calcificadas.

Sou lobo da madrugada.
Filho da noite, amante da lua.
Não deixe que a noite se acabe,
Não deixe que meu mundo desabe.
Quero sobreviver ao apocalipse
Pra ver o futuro já visto.
Deixar que morra esta noite,
Nasça um novo dia... E então...
Volte a anoitecer...

Richard 2011

domingo, 10 de julho de 2011

Como Você Gasta Seu "Precioso" Tempo?

Eu acredito em estatísticas. Eu aprendi, em meus tempos acadêmicos, que, quando eles são feitas seriamente e com isenção, funcionam. As estatísticas são métodos comprovadamente eficientes para nos auxiliar a tomar decisões, definir metas, tomar atitudes em relação à concorrência, enfim, programar nosso futuro para viver mais e melhor.
Os seres humanos são todos muito parecidos na forma de agir e se comportar em qualquer parte do mundo. Embora muitas pessoas afirmem que não se preocupam com o futuro, que preferem levar a vida conforme esta se apresenta com todos os seus imprevistos e surpresas, em algum momento elas serão atropeladas pelos números e pela contundência milimétrica das estatísticas. Todos nós faremos parte delas um dia. Contudo, se formos perspicazes ao ponto de analisarmos algumas dessas estatísticas, poderemos delas tirar algum proveito que poder melhorar nossas vidas.
Alguns anos atrás a revista Super Interessante publicou uma estatística interessante sobre o comportamento de um ser humano hipotético que viveu 75 anos e como este indivíduo gastou seu "precioso" tempo durante sua vida:
75 anos (Tempo de vida médio)
-25 anos (Dormindo)
-12,5 anos (Trabalhando)
-10 anos (Assistindo TV)
-4,5 anos (Dirigindo)
-4 anos (Fazendo ativ. domésticas)
-4 anos(Comendo)
-3 anos (Descansando)
-2,5 anos (Fazendo compras)
-2,5 anos (outras atividades)
-2 anos (estudando)
-1,5 anos (fazendo comida)
-1 ano (Praticando esportes)
-10 meses (navegando na internet)
-7 meses (Fazendo amor)
-4 meses (Falando ao telefone)
-4 meses (Indo a festas)
-3 meses (Esperando carregar páginas da internet)
-11 dias (Consertando o carro)
Se este cidadão conseguiu chegar aos 75 anos e desenvolveu todas essas atividades durante sua vida. Então é chegada a hora de partir dessa para melhor. Ele passa a figurar numa outra estatística : A "Causa Mortis". Todos os anos, 57 milhões de pessoas morrem pelo mundo afora. Nós também nos encaixaremos nessa estatística:
Como morrem as pessoas:
20% Cânceres diversos (boca, fígado, mama,próstata,leucemia...)
17 % Problemas cardíacos
10 % Derrames cerebrais
8% Doenças contagiosas (sífilis, meningite, hepatite,...)
7% pneumonia
6% Acidentes (quedas, envenenamento,afogamento)
5% AIDS
4,5% Complicações no parto
3% Diarréia
3% Tuberculose
2% acidentes de carro
2% câncer no pulmão
2% Diabetes
2% Malária
1,5% Câncer no estômago
1,5 % Suicídio
1,5 % Cirrose
1 % Assassinato
1 % Nefrite
1% Câncer retal
1% Sarampo
O bacana de analisarmos as estatísticas é que podemos usá-las a nosso favor. A estatística é como uma cigana prevendo o futuro. A estatística nos mostra o futuro nos dando chance de escolhermos o melhor caminho para vivermos mais e melhor.
Poema do dia:
Mistério
Do olho cai a lágrima.
Assim como da flor, uma pétala.
Se vão partes de uma vida
Que não conhece razão, rumo ou destino.
É pura melancolia dilacerando almas penantes.
Em cada pedra, em cada rio, em cada céu,
Buscam-se segredos.
São seres atormentados,
Dispostos a atingir o impossível.
Nascer, viver e morrer,
Persiste, em nós, o fantasma do maldito ciclo.
O tempo passa, seca a flor,
Apodrece o olho, mas o mistério,
Esse continua...
Richard 2011

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Norte de Nossas Vidas

Há que se acreditar!
Nada, nunca é definitivo. Vivemos em constante êxtase diante da vida. E quanto mais nela penetramos, mais ela nos mastiga, nos digere, nos engole. O rumo está definido. Ele sempre esteve definido, desde que nascemos. Não importa por quantos caminhos tortuosos andemos. De nada valem tantas perdas e tantos ganhos na caminhada se nossos prazeres se diluem nas pequenas coisas que fazemos e que nos dão prazer. A bússola sempre nos levará para o norte. E qual será o norte de nossas vidas?
Objetivos a alcançar, metas estabelecidas, sonhos possíveis, quem sabe.... Tanta coisa por fazer. A angústia, o medo, o prazer das pequenas vitórias, a náusea das grandes derrotas. Tantas perdas e tantos ganhos espalhados pelo caminho. Tempos passados, paixões fugazes, tanta gente querida perdida pela estrada da vida.
Há que se acreditar!
Sempre haverá uma saída!
Para tudo na vida há uma saída.
O tempo se encarregará de nos mostrar o caminho.
O tempo tudo move, tudo estabelece, tudo cura.
O tempo sempre foi e sempre será o norte de nossas vidas.

Poema do Dia:

Santuário

No tempo em que o sol já se escondia.
Num quarto repleto de meia luz.
Reinam deuses e santos por todo o dia,
Criando um ambiente que ao amor conduz.

Ela dormia num real santuário,
Rodeada de anjos, orixás e escapulário.
Mas o Deus de sua devoção preferida,
Era Eros, desfrutando da maçã proibida.

Velas, incenso e fumaça impregnada.
O fogo ardia cortando o ar com suas chamas.
E o Buda ali sentado a meditar sobre o nada,
Enquanto a loba derramava o leite de suas mamas.

Iemanjá, flutuando sobre as águas do mar.
São Jorge e seu cavalo enfrentando o dragão.
Um móbile de anjos, no teto a voar.
E até Nossa Senhora, com peito aberto, coração.

Nessa névoa de penumbra, eu perdido.
Ela me guiou no seu santuário bendito.
Mostrou a mim o caminho do amor compreendido,
Entre a devoção ao bem, e ao inferno maldito.

E no meio desse sincretismo religioso,
Fizemos amor, penitenciando nossos pecados.
Varando o espaço, livre do tempo ocioso.
Ela e seu santuário, ficarão para sempre, em mim marcados.

Richard 2011

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O Coelho e a Tartaruga

Você prefere levar uma vida de coelho ou uma vida de tartaruga?
O coelho tem um jeito elétrico de agir e se movimentar. Ele quer estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Ele age por impulso. Quer provar, cheirar, desfrutar de tudo que estiver ao seu alcance, como se o mundo fosse terminar amanhã. Até mesmo no sexo ele tem fama de ser rapidinho, trocando de parceiras sem dar muita importância para o prazer do momento.
Já a tartaruga é bem diferente. Ela age como se programasse seus passos anteriormente. Ela pensa e analisa cada situação sempre procurando a melhor saída. Ela é lenta no agir, lenta no executar e só vai com a certeza de acertar. E no amor, pode ser considerada a última das românticas.
Eu conheço muitas pessoas que levam uma vida de coelho: Muito atarefadas, apressadas e consequentemente estressadas. Conheço, também, outras tantas, que levam uma vida de tartaruga: Despreocupadas, vagarosas e consequentemente tranquilas.
Eu não estou querendo dizer que esta está certa e aquela está errada. Acho que cada um deve viver do jeito que melhor lhe convém. Mas uma coisa me peturba:
" O coelho vive no máximo 10 anos, já a tartaruga pode chegar aos 200 anos"
- Você prefere lever uma vida de coelho ou lever uma vida de tartaruga?
- A escolha é sua!


Poema do Dia:

O Mundo É Surreal

O mundo é surreal e não é eterno.
Nada é muito normal se visto de perto.
Ser lúcido, é ser realista.
Ser um visionário, um surrealista...

O amor escorre feito mel,
Melando a alma solitária
De um anjo-mulher imaginária
De um coração feito de papel.

E caídos na encruzilhada da vida
Sonhos se dispersam pelo mundo
Como nuvens voláteis de partida
No curto instante de um segundo.

Do outro lado de tudo,
Visões fantásticas vão passando
Poluindo nossa mente
E nos dando
Aquela energia vital:
"Um pomar de seios,
Montanhas de traseiros
Estendidos..., faceiros...,
No descampado do quintal."

E nesse mundo infesto de bandidos,
Vão-se os ais para sempre perdidos,
Pelas arestas que encobrem as frestas
De iniqüidades, e de coisas indigestas.

Sete sentidas trombetas hão de tocar,
E serão os sinais do nosso ocaso final.
Isto não será um surto surreal,
Mas sim uma realidade quase virtual.

E o que vem de dentro é o excremento.
E o que vem de dentro é só o lamento.
Profundo sentimento de algo inacabado,
Um sonho surreal de destino já selado.

Nos relógios derretem as horas cadentes.
Que voam como vento no olho do furacão.
Voa também a juventude no ranger dos dentes
Ao lufar do último suspiro do coração.

Richard 2011

quinta-feira, 26 de maio de 2011

A Cidade Respira

A Cidade é um ser vivo que sofre, adoece e envelhece como todos nós. As ruas e avenidas são suas veias e suas artérias. Os coletivos, os carros, os seus habitantes enfim, são seu sangue que distribuem vida em todos os órgãos citadinos. Seu cérebro depende da atuação do poder público. Seus pulmões, um tanto congestionados, sofrem com o descontrole da poluição. Seu estômago tem gastrite, que pode virar úlcera. E seus intestinos são dutos subterrâneos onde fluem os detritos conforme o volume das chuvas: Bueiros fedorentos nas secas. Enchentes nos periodos de temporais.
Olho para o horizonte e vejo a silhueta disconexa da Cidade. Prédios surgem e se infiltram na paisagem feito tumores malignos. Vejo veias abertas por onde o sangue verte livre. Artérias semi interrompidas, onde o trânsito não flui. A capilaridade das favelas, onde se esconde o submundo do bem e do perverso.
Nós somos as células desse corpo. E como células somos trocados por outras células mais jovens. É o milagre da renovação. É o sangue novo para a velha Cidade. É o que a torna perene em si.
Nós paramos, mas a cidade continua: Velha, doente, carente, porém pulsante.

Poema Do Dia:

O Que Eu Não Entendo

Se você existe,
Desça agora do seu pedestal
E venha me explicar
Tudo aquilo que eu não entendo!

A criança faminta
O soldado mutilado
A discriminação racial
As diferenças sociais
O medo de viver
E o medo de morrer...

Responda-me, agora, por favor.
- Quem criou a paz e a guerra?
- Quem criou o amor e o ódio?
- Quem criou a vida e a morte?

Se você,
Realmente existe.
Desça agora
Do seu pedestal
E venha me explicar
Tudo isso...
O que eu não entendo.

Richard 2011

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Sete

Sete!
Número cabalístico de enorme significação.
Dizem que Deus fez o mundo em seis dias e no sétimo descansou.
Sábado é o sétimo dia, mas eu descanso no domingo.
A pomba da paz voou pelos sete mares, sobrevoou os sete continentes e descansou nas sete quedas da cachoeira.
Muito cuidado pois a sétima filha depois de seis mulheres virará uma bruxa. Assim como, o sétimo filho depois do sexto homem vira lobisomem.
Quebrar um espelho ou matar um gato preto (que tem sete vidas) dá sete anos de azar (eu já fiz as duas coisas sem querer, é claro!).
O romântico sonhador, sonhou sob o sétimo céu presentear sua amada com o anel das sete virtudes.
Mesmo a Branca de Neve tem sete anões em sua companhia.
Ainda existem os sete sacramentos que aconpanham a vida dos cristãos desde o nascimento atá a morte. Assim como os Umbandistas seguem suas sete linhas.
As sete pragas do Egito infernizaram a vida do Faraó.
Também os sete pecados capitais (quem não sofre com algum deles?) interferem nas nossas vidas.
Sete!
Sempre o sete interagindo no passado, no presente e no futuro.
A sétima profecia diz que o mundo vai acabar em 2012. Por via das dúvidas, quando os anjos tocarem as sete trombetas do apocalipse, eu quero estar a sete mil léguas longe daqui.
"É como diz o dito popular : 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 . Se tu não sabes, não te mete!"
 
 
Poema do Dia:
 
 
Hiper
 
 
Receio estar aqui
Com vontade de estar acolá.
Além do alto mar.
- Eu não pertenço a este mundo!
Quero estar em todos os lugares
Usurpar todos os sabores
Cheirar todos os odores
Calejar minhas mãos em peles alheias.
Fazer o tato saciar meu desejo,
No exato instante em que eu
Estiver cego para o amor.
Sou um hiperativo
Com tendências de hiperpassivo
Ou, quem sabe,
Seja apenas um hiperidiota
Que deseja inalar
Uma "overdose" de vida.
E quando chegar o ocaso,
O apocalipse, ou coisa que o valha,
Só quero meus pés
Sem raízes no chão,
Para poder caminhar sem rumo,
Na eterna busca
Utópica, eu sei,
Da plena felicidade.
 
 
Richard 2011