domingo, 26 de setembro de 2010

Mãe Terra, Filha Lua

No princípio, a Terra não tinha Lua. Após o "Big Bang" (Grande explosão ), o Universo todo estava em caos. A Terra, assim como todo sistema solar, estava em formação. Em algum momento de sua história primitiva, um corpo celeste com as proporções comparáveis às de Marte, chocou-se contra a Terra. Desse choque resultou uma núvem de partículas, que por forças gravitacionais acabaram se aglomerando e formando o nosso satélite: a Lua.
Sem atmosfera, a superfície lunar fica diretamente exposta ao Sol durante duas semanas seguidas até alcançar 117 °C. Depois, por um tempo equivalente, essa mesma superfície fica na sombra, atingindo a -160 °C. A Lua também fica sem proteção contra os choques constantes com meteoritos, o que explica as inúmeras crateras em seu solo.
Assim como a mãe Terra, a filha Lua realiza movimentos de rotação e translação. O tempo em que o satélite leva para dar uma volta em torno de si é igual ao necessário para completar um giro ao redor da Terra. Como resultado desse sincronismo, a Lua sempre exibe um mesmo hemisfério em direção ao nosso planeta. É a face visível do satélite.
Esta é uma prova cabal da familiaridade existente entre a Terra e a Lua. As duas convivem em perfeita harmonia.
Mas nem tudo é tão tranquilo no Universo. A Terra é constantemente bombardeada por corpos celestes que vagam pelo espaço. Felismente a grande maioria deles é pulverizada ao entrar na nossa atmosfera. Contudo nunca estaremos livres de encontrar algum dia, um astro gigantesco como aquele que originou a nossa Lua. Quem sabe formando mais um satélite. Então teríamos a Terra com duas Luas, mesmo que isso custasse o extermínio de toda a vida na Terra. Ou, quem sabe, um astro um pouco menor, mas não menos danoso, como aquele que exterminou os dinossauros. Pelo visto, os choques entre corpos celestes, não são tão incomuns assim.
Infelismente, estamos sujeitos a que isso ocorra novamente, em algum momento da nossa existência. É um evento possível mesmo que improvável.
Todavia, não nos preocupemos com isso agora, o que importa é que estamos aqui na Terra e temos a Lua como nosso Anjo da Guarda.
Terra e Lua, mãe e filha sempre juntas em harmonia. Qual a mãe que não gostaria de estar no lugar da Terra só para ter o seu rebento sempre ao alcance de seus olhos?


Poema do Dia:

La Luna

Quando nasci
Tu já estavas lá.
Dependurada,
No céu plangente do firmamento.
Silenciosa
Retrato perfeito
Do não-ser...
Quando te falo
Não respondes.
És muda!
Mesmo assim
Te amo!
Luna!

És um corpo
Extraterreno
Que me basta!
Um pedaço de rocha flutuante
Que inspira beleza.
És o desejo primitivo
Sob forma celeste
E eu te amo!
Quando roubas o brilho do Sol
Torna-tes ainda mais bela
Luna!
Te amo!

Tu não tens fogo
Tu não tens lava
Mesmo assim
Arde em mim
O desejo de te ter.
Uma chama que
Me queima a alma,
Consome minhas entranhas
E me torna vazio.
E aflito busco
No vácuo do espaço
Te achar.
De noite, de dia
A qualquer hora.
Apenas uma visão
Uma nuance que seja,
Da tua forma
Que me dê
Novo ânimo
Para continuar a viver.
Te amo!
Luna!

Eu quero beijar
A tua face oculta.
Vagar pelo teu solo.
Sentir o calor que me queima,
O frio que me gela.
Saber tudo de ti.
O teu feio
O teu bonito
O que te dói
Na solidão
Do espaço sideral.
Quero destruir teus inimigos
Para que estejas sempre ali,
No teu lugar.
Quero te adimirar
Luna!
Tua beleza hipnotiza!

Tenho ciúmes
Dos amantes
Que trocam juras de amor
Entorpecidos com a tua visão.
E querem te ter
E querem te amar
E querem fazer amor
Diante de ti.
E querem gozar
Todos os orgasmos
Banhados na tua luz...
Tenho ciúmes
És minha,
Luna!
Só minha!
Sou possuído por ti.

És o tudo
Onde o nada impera.
És o amor
Na forma de uma Deusa.
És paixão
Que transborda caudalosa
E se derrama
Na vastidão do Universo.
E te vejo assim
No espaço
E no tempo
E és corpo desejado
Elemento cobiçado
E amo
As reentrâncias
Da tua superfície
E a imaterialidade
Do teu não-ser...
Te amo!
Luna!

Sob tua luminosidade
Padeço no calma da noite.
E desejo incorporar
Minha alma
À tua poeira.
Nem que seja uma molécula
Um átomo, um elétron
Enfim,
Penetrar na tua superfície
E ali ficar
Eternamente...
Realizar meu sonho infantil.
Te possuir
Fazer parte de ti.
E quando os lunáticos
Olharem para ti
É a mim que verão.
E me terão inveja
E sonharão comigo
E desejarão me alcançar
Igualar meu feito.
Mas jamais saberão
Nosso segredo
Nosso mais dileto segredo
Nosso pacto secreto
Luna!
Meu amor!

Richard 2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Amar! Sempre

O amor é incondicional, não admite intrusões, não suporta condições. É um Deus onipresente, que extende seus tentáculos em todas as direções. O amor aprisiona, aficciona, perversiona. O amor hipnotiza, direciona, escraviza. O amor constrói, mas também se destrói por amor.
O amor cega a razão, e aí, não há mais lei, não há mais perdão. Só há a justiça , da própria mão.
O amor desperta o ódio, o ciúme, a obscessão, a possessão. Quem ama pode até matar. Sim, porque não? Afinal um Deus pode tudo. Mesmo que seja na sua justiça particular.
O amor é um ser vivo, é uma planta, que deve ser regada e alimentada diariamente, para que sua chama permaneça acesa dentro dos corações das pessoas.
Mesmo assim, apesar de todas essas nuances, num mundo feito só de amor seria muito chato se viver.


Poema do Dia:

E Se...

Te olho no reflexo do espelho.
Como se não tivesse coragem
De te olhar de frente.
E não tenho...

Cheiro teu odor, afoito,
Logo que passas sem me ver.
Como se não soubesse o teu perfume.
E não sei...

Aguço meus ouvidos para te ouvir,
Atiçando com teus encantos um bando de chacais,
Como se eu não quisesse te falar.
E não falo...

E se eu embebesse
Minhas roupas em gasolina.
E ateasse fogo em mim mesmo,
Só para te chamar a atenção?

E se eu cortasse
Os meus pulsos diante de ti,
E esfregasse em teu corpo meu sangue,
Só para te chamar a atenção?

E se eu me jogasse
Na frente do teu carro,
E estrebuchasse depois, como um cão na sarjeta,
Só para te chamar a atenção?

E se eu morresse
Diante de ti...

E se eu morresse
Todas as mortes
Diante de ti...

E se eu te olhasse
E se eu te cheirasse
E se eu te falasse
E se eu morresse
Todas as mortes
Diante de ti...

Nem assim me notarias
Nem assim me amarias
Nem assim tu beberias
O meu sangue derramado.

E eu teria morrido...
A mais completa morte...
Em vão...

Richard 2010

sábado, 11 de setembro de 2010

Quando Eu Era Pequeninho

Quando eu era pequeninho, minha mãe me dava pão e café no prato. Que nada mais era do que um prato fundo contendo café, leite e açúcar, com pedaços de pão francês mergulhados. E, quando eu ficava doente, de cama, adorava comer bolachas "Maria" com leite morno. Para diminuir a febre, a terrível "Novalgina" em gotas, que me provocava ânsias de vômito. Naquela época os remédios eram escassos. O que existiam eram fortificantes, usados mais na base da prevenção. Como, por exemplo: o "Biotônico Fontoura", a "Emulsão Scott"(óleo de fígado de bacalhau) e o famigerado "Bálsamo Alemão", panacéia para todos os males, mas que era amargo como féu e me fazia arrotar o dia inteiro.
Como me esquecer das cabanas feitas de lençóis amarrados pelo quarto, onde brincávamos eu e meus irmãos, fingindo sermos adultos responsáveis. E minha brincadeira solitária com o "Forte Apache", cercado pelos índios malvados, que no final eram sempre massacrados pelos meus soldados imbatíveis. Ou, então, a bolinha de borracha que eu jogava no telhado e esperava voltar, para então fazer uma defesa espetacular numa goleira imaginária. Havia, também, o carrinho de lomba, feito de madeira, que descia o morro de grama cheio de obstáculos colocados para serem ultrapassados. E chegar no final, em alta velocidade, fazendo uma curva fechada e parando numa gostosa capotagem. Bons tempos aqueles, tempos de alegria ingênua e inocente.
Ainda hoje, quando ouço os sons das cigarras cantando, lembro daquelas tardes ensolaradas. Do cheiro da mata verde, do pessegueiro, das ameixeiras cujos galhos escalava na busca de frutos que eram saboreados ali mesmo, no alto. Livre! Com o sol bronzeando meu rosto e a brisa me trazendo todos os odores exalados ao redor. E depois, quando estivesse bem cansado, era só cair no embalo reconfortante da rede, à sombra das árvores de pêra e caquí.
Lembro, ainda, das noite quentes de verão, onde nos tornávamos caçadores de vaga-lumes, só para vermos de perto o seu brilho mágico dentro de nossas mãos fechadas em concha. Brincar de "esconde-esconde" sob a luz da lua cheia, alheios às sombras fantasmagóricas dos galhos das árvores projetadas no chão.
Tudo isso ficou para trás, envolvido numa névoa que foi se desfazendo com o tempo, até virar em lembranças guardadas em algum lugar da minha mente. Sou feliz por ser humano e ter o privilégio de poder me lembrar de tudo isso. De poder sorrir, de poder chorar com os acontecimentos marcantes do passado.
Feliz daquele que pode se lembrar, feliz daquele que tem lembranças, pois estas são eternas.

Poema do Dia:

Lembranças

O vento me traz lembranças
De há muito tempo perdidas
Na solidão do espaço; heranças,
Cristalizadas e na mente escondidas...

Sei que pouco vivi neste mundo
E que muito mais há por vir
Mas agora, vou sonhando profundo
Esperando o momento de partir...

Sonhos, fantasias, lembranças da infância,
Meu Deus, o que há em mim amargurado
Que tamanho penar causa implicância
Vem e fica, na alma incorporado?

Que venha o vendaval, então
Que varra desse corpo, o mal
Que me troque, a vida, pelo perdão
Que ma dê a morte como saída final.

Richard 2010

sábado, 4 de setembro de 2010

Um Dia de Fúria

Quem já não teve um dia de fúria em sua vida? Aquele dia em que a paciência se esgota e a vontade que se tem é de explodir o mundo. Parece que libertamos o homem das cavernas que temos dentro de nós: Impaciente, incoerente, incompreensível das coisas do mundo. Um mundo burocrático (ou seria "burrocrático"?), cheio de regras, todas iguais e tão desiguais quanto patéticas. Regras essas, que de um modo geral não são respeitadas, causando um descontrole nas instituições. Somos vaquinhas de presépio dizendo "amém" a tudo. Benditos os reacionários, que são os verdadeiros responsáveis pelo progresso do mundo. Karl Marx disse certa vez: " O conflito é que move a sociedade". Uma das verdades mais verdadeiras do universo. E entre mortos e feridos tudo se ajeita no final, pois até mesmo no caos existe alguma ordem. Tudo é uma questão de Física: A toda ação corresponde uma reação contrária na mesma intensidade. O que quer dizer que se não houver ação tudo vai ficar como está, ou seja na inércia.
Eu confio na capacidade de reação dos homens, em aplicar as novas tecnologias a serviço do crescimento da humanidade. Para isso é preciso reagir, indignar-se, atacar o que está errado, enfim, ser um reacionário. Do contrário seremos apenas ovelhinhas, caladas e resignadas diante do matadouro.

Poema do Dia:

O Infinito

Ao longe vejo um farol,
Nas gigantescas montanhas
Sendo engolido, aos poucos,
Pela mata e suas entranhas.

No céu, azul em curva,
Flutua, ao vento vespertino,
Uma delicada gaivota.
Indiferente ao seu destino.

No mar, imenso e bonito,
Eu cuspo!
E meu cuspe se some
Diante do infinito.

O farol, um ponto...
A gaivota, um risco...
Meu cuspe, uma gota...

Eis o que somos!
Diante do Universo
Não somos nada.

E quando a raiva
Se apossar de meu corpo,
Quando o desespero
Encarnar na minha alma,
Cuspo na vida!
E sigo impune...
Dissoluto
Diante do infinito.

Richard 2010