domingo, 18 de abril de 2010

As Megalópoles

Existe uma megalópole dentro de nós. Talvez não saibamos, mas ela está lá. O homem está condenado à enlouquecer num grande centro urbano. Com sua superpopulação, com seu trânsito caótico, com o colapso dos serviços na hora do "rush". A nossa evolução aponta nessa direção. Temos que aprender a ser sociáveis, temos que aprender a dialogar com os ladrões, temos que saber a hora de tirar o pé do acelerador, e navegar por águas calmas. Como disse Drumond: "- A vida necessita de pausas...".
São Paulo, Nova York, Tóquio, Paris, Pequim, Moscou,... Todas enfim, estão dentro de nós. Elas pulsam na nossa febre interior. Quantos anos de evolução nos separam da vida nas cavernas. Quanto se cresceu de lá para cá. As megalópoles são a síntese evolutiva da civilização. Elas são o retrato da humanidade. Elas são o que somos hoje. O que há de feio ou bonito, moderno ou clássico, chique ou brega, inteligente ou decadente, luxuoso ou pobre, enfim, tudo desfila diante de nossos olhos nas megalópoles. Nelas temos o que queremos 24 horas por dia. Nelas o coração bate eternamente. Temos que vivê-la diariamente, respirar sua poluição, ouvir seus ruídos diversos, povoar seus parques, morar em seus prédios, dar de cara com seus muros e com suas grades.
Enfim, as megalópoles são seres vivos. Elas nos engolem, nos digerem, nos defecam diariamente. Nós somos os parasitas das grandes cidades, precisamos delas, assim como elas precisam de nós. É uma relação simbiótica sem fim. Viva as megalópoles, talvez você não saiba, mas elas estão dentro de você.


Poema do dia:

Grande Cidade

A noite derrama o seu manto,
Na desumana e fria grande cidade.
Em seus becos proliferam, como por encanto,
Seres de duvidosa identidade.

Vejo damas da noite na praça ao luar,
A se balançar em brinquedos de crianças.
Parecem querer buscar, em algum lugar,
A perdida infância de suas lembranças.

Crianças pedintes e maltrapilhas,
Se prostituindo e cheirando cola.
Mal sabendo de quem são filhas
Vão fazendo, do mundo, sua vil escola.

Nas ruas se intrometem os camelôs.
Vendendo bugigangas descartáveis,
Diante de um cinema com detestáveis
Cartazes poluídos de cenas pornôs.

A fumaça densa no ar impregnada.
O cheiro do churrasco, da fritura,
Tudo misturado virando em nada.
Vão enchendo o copo, que um dia satura.

E assim, como um moribundo leproso,
Padece aos poucos, a grande cidade.
Num autofagismo lento e vicioso
Vítima da própria ferocidade.

Richard

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Falando Sobre Marte

Eu cresci ouvindo estórias de marcianos. Aqueles pequenos homens verdes faziam parte dos meus pensamentos infantis, a tal ponto de ficar com medo que eles invadissem a Terra e nos submetessem às suas vontades. Muitos filmes de ficção científica contribuiram para esse pânico vindo de Marte. Discos Voadores ainda são vistos pelos mais crentes, ou por aqueles que mergulham em viagens lisérgicas.
Eu até que gostaria de ser abduzido por uma marciana gostosa, trocar algumas informações e que sabe, alguns líquidos corporais. Mas desisti de tudo isso ao ver a imagem horrivel que Hollywood criou para esses seres extraterrenos. Graças a evolução da tecnologia, e às viagens de sondas espaciais para Marte, esta imagem dos marcianos caiu por terra. As últimas notícias de Marte dão conta que ainda não foi encontrada nunhuma espécie de vida, nem mesmo microbiana, na superfície do planeta. As imagens que chegam até nós, são de um planeta frio, inóspito e desértico. Isto me basta para ficar sem nenhuma vontade de visitar Marte, e de sobra, quebra o encanto que tinha por esse planeta. Cada vez mais me convenço que estamos sós no Universo. Por mais que os cientistas afirmem que possam existir milhares de planetas iguais à Terra em outras tantas Galáxias, estas estão à vários anos-luz de distância de nós. E um ano-luz é muito longe para mim. Nós ainda, nem sequer alcançamos a velocidade da luz...
Cuidemos, portanto, da nossa querida Terra. Ela é única. Somos abençoados por tê-la como mãe. E, quanto à Marte, continuará sendo para mim um mistério a ser desvendado em meus sonhos marcianos.





Poema do Dia:



Campos de Marte

Os campos de Marte
São como os da tua mente
Pálidos, áridos em toda a parte.
Não nasce flor,
Não nasce amor,
Não nasce semente...

O que te fez ser assim
Um mundo fechado, lacrado,
Distante no sem fim
Insensível, intangível,...
Um rio invisível
Num leito parado.

Ventos violentos varem teu país
Dispersando as sementes prometidas
Arrancando meus desejos pela raiz
Que vão ficando para trás em covas contidas.

As dunas não guardam lugar no espaço
Levadas ao vento frio e devasso
Assim como na tua mente os pensamentos
São volúveis ao sabor dos sentimentos.

Amo-te no silêncio sepulcral.
Nesta espera dolorosa que o tempo passe.
Como lesmas lerdas no quintal
Arrastam-se as horas no relógio sem face.

Tudo mais é vácuo e vastidão
Um hiato apartando o meu e o teu coração
Anos-luz de distância reprimida
No alvor da aurora da minha vida.

Marte, morte, Marte, morte, Marte, morte,...
Existe algo suspeito no reino de Marte
Que a tua indiferença soterra com arte
E me faz sorrir, até na hora da morte.

Richard