sábado, 13 de fevereiro de 2010

O Bolero de Ravel

Maurice Ravel nasceu na França em 7 de março de 1875. Era um compositor de físico mirrado( 1,57 m de altura e 54 Kg de peso), mas de uma grande inspiração. Ele foi o único compositor do século 20 a emplacar uma melodia no seletíssimo clube das mais arrebatadoras, célebres e populares de toda a história. Bolero, é uma espécie de tributo sonoro sensual à melodia sem paralelo.

Ravel escreveu Bolero em 1928 para a bailarina Ida Rubinstein. O sucesso estrondoso alcançado pela peça surpreendeu o próprio autor que certa vez diria: "-Escrevi só uma obra prima: Bolero. Mas infelizmente não há música nela." De fato, Bolero foi uma música feita somente para ser dançada, mas que funciona admiravelmente em concerto.

Após esta análise inicial, quero apresentar meu ponto de vista sobre esta obra. Ravel deveria estar com a libido no ponto máximo, pois Bolero é uma composição que representa a materialização musical de um ato sexual. Do início ao fim da obra temos a comprovação dessa tese. A música tem duração aproximada de 15 minutos. Nos primeiros 3 minutos a flauta e a clarineta apresentam o primeiro e o segundo temas com discreto acompanhamento de cordas em pizzicato.

Comparada ao início do amor, a cumplicidade do casal, beijos leves e o despir dos corpos...

A composição segue com o oboé retornando ao primeiro tema e o saxofone tenor reexpondo o segundo tema. Após o acompanhamento é reforçado com oboés, corne inglês e clarinetes voltando ao primeiro tema.

Já se passaram 8 minutos. Os corpos nús se procuram com carícias ativando as zonas erógenas. A penetração se torna uma conseqüência inevitável.

Dos 8 aos 12 minutos a peça chega à dinâmica forte. No acompanhamento, pela primeira vez, violinos são tocados com arco, enquanto as madeiras reexpõe o segundo tema. O acompanhamento é encorpado com fagodes, contrafagode, trompas e tímpanos.

Os corpos suam no vai-vem do embalo. A música penetra na mente ditando o ritmo da atividade sexual.

Aos 13 minutos é retomado o primeiro tema com violinos dobrados por flautas, saxofones e trompetes, enquanto o acompanhamento é reforçado pelo restante da orquestra.O segundo tema é retomado em tutti. O final é uma grandiosa coda de encerramento com base em elementos dos temas da peça.

A volúpia, o desejo, o instinto primitivo se revelam no crescente da música e explodem numa fantástica reação química entre os corpos que trocam seus líquidos em êxtase. Enfim atingem o tão almejado orgasmo.



Poesia do Dia:

Amor Doentio

Na escuridão da noite
Corpos ardentes rolam pelo chão.
Volta e meia estala o açoite,
Arrancando gemidos de prazer e excitação.

Saliva, sangue e suor.
Tudo misturado na atmosfera do quarto.
Por vezes um espasmo maior
Completava o ato, quedando o corpo farto.

Na busca do amor doentio
Tudo vale, nada tem preço
O ser humano é mero aspecto pueril;
Na roda da vida só recebe desprezo

Cabelos alvos ao longo do corpo marcado.
Chagas abertas na busca de prazer total.
Ainda se estorce contemplado,
Pelos olhos brilhantes do parceiro carnal.

Passado o momento de volúpia,
Cabeça fria, consciência rejuvenescida,
O látego escorrega da mão ímpia,
Aos pés da mazoquista entorpecida.

No final só resta um corpo esparramado e perplexo.
Outro sumindo pela porta entreaberta.
Assiste-se, assim, à morte do sexo,
Pois o que é o amor, senão uma eterna descoberta.

Richard

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